ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
No Ceará, Acampamento Zé Maria do Tomé sofre ameaça de despejo
Após 5 anos de luta, as famílias estão novamente com o mandado de despejo, que está previsto para acontecer nesta quarta-feira (21). Da Página do MST Mais uma vez, o Acampamento Zé Maria do Tomé, localizado na Chapada do Apodi, no Município de Limoeiro do Norte...
Consciência Negra: data revela números da desigualdade racial
Para negros e negras brasileiros, o dia 20 de novembro representa a luta por conscientizar a sociedade dos grandes entraves que ainda enfrentam para alcançar a igualdade e conquistar a sua liberdade. Segundo dados da Pnad Contínua de 2017, 54,9% da população se...
“Nossa maior resistência é a nossa vida”
Erica Malunguinho fala sobre a importância de fazer deste mês um espaço de luta, formação e organização da população. (Por Wesley Lima – Da Página do MST | Imagens: Luara Dal Chiavon) Negra, pernambucana, mulher trans e recém-eleita deputada estadual de São Paulo pelo...
Voluntários fazem campanha para festa de casamento de dez casais homoafetivos em Belém
A cerimônia está marcada para dezembro de 2018 em um espaço cultural de shows e será realizada voluntariamente por apoiadores. Por Taymã Carneiro, G1 PA — Belém Voluntários iniciaram uma campanha de financiamento coletivo pela internet nesta quarta-feira (21) para...
ALERTA: Barragens sem manutenção podem repetir tragédia de Mariana
Segundo relatório, entre 2016 e 2017 aumentou de 25 para 45 o número de barragens vulneráveis e sob risco de rompimento no Brasil por Redação RBA De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens (RSB) de 2017, divulgado pela Agência Nacional de Águas...
Moradores protestam na BR-316, em Marituba
Manifestação iniciou por volta de 7h desta quinta-feira (22). Eles bloquearam por duas horas o sentido Marituba - Belém. Moradores do bairro Bela Vista em Marituba, na região metropolitana de Belém, protestaram na manhã desta quinta-feira (22). Eles fecharam...
Moradores interditam rua em Icoaraci e denunciam abusos de policiais durante ação no local
Moradores da comunidade do Paracuri, em Icoaraci, distrito de Belém, interditaram a travessa Soledade, no início da tarde desta quinta-feira (22). O protesto iniciou após uma operação da polícia realizada na manhã de hoje. Segundo os moradores, os agentes...
Justiça multa Norte Energia e União em R$ 1,8 mi por atraso em condicionante indígena de Belo Monte
Condenação é pela demora em cumprir quesito da licença ambiental que previa reestruturação da Funai para atender os povos indígenas atingidos A Justiça Federal em Altamira (PA) multou a Norte Energia e a União em R$ 900 mil cada pela demora em cumprir os prazos...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.