ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Wadson Ribeiro: A escola é laica
Na última terça-feira (11), ecoou uma importante vitória dos educadores, estudantes e da educação pública e de qualidade em todo o Brasil. Foi arquivado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei Escola Sem Partido (PL 7180/14),também conhecido como “Lei da Mordaça”. O...
Cerca de 30% dos inscritos no Mais Médicos não se apresentaram no local de trabalho
Prazo para assumir a função termina nesta terça. Ao todo, se inscreveram 106 candidatos a menos do que as vagas abertas Marcos Hermanson - Brasil de Fato O Ministério da Saúde informou na manhã desta segunda-feira (17) que 30% dos profissionais de saúde inscritos no...
Mais Médicos ainda não preencheu duas vagas na zona rural de Altamira, no Pará
Por G1 PA — Belém Duas vagas do programa Mais Médicos ainda não foram preenchidas em Altamira, no sudoeste do Pará, de acordo com a secretaria municipal de Saúde. Os cargos são destinados para atender as localidades de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra, que...
CPT Santarém e Itaituba (PA) divulgam Nota sobre assassinato de Gilson Temponi
As equipes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Santarém e da Prelazia de Itaituba divulgam Nota Pública sobre a morte do trabalhador Gilson Maria Temponi, ocorrida no último dia 15. A Pastoral, no documento, também alerta para o alto número de...
‘É preciso deixar o lixo acumular’, diz secretário sobre descarte de lixo hospitalar
Sem saber mais o que fazer, uma moradora procurou o DOL para denunciar o acúmulo de lixo hospitalar que põe em risco a vida dela e de todos os moradores do bairro da Barraca, município de Marapanim, nordeste paraense. Por telefone, a moradora - que preferimos não...
MPF solicitou investigação e atuação policial sobre conflito em Rurópolis (PA)
As polícias militar, civil e federal estavam informadas da situação. E desde 2017 o Incra recebeu recomendação para atuar contra a invasão de terras públicas na área O Ministério Público Federal (MPF) já havia solicitado intervenção policial e investigações sobre os...
Iniciada segunda fase da operação Forte do Castelo que investiga corrupção na prefeitura de Belém (PA)
Investigações apontam esquema milionário de corrupção durante os dois mandatos do prefeito Duciomar Gomes da Costa O Ministério Público Federal (MPF) deu início, nesta sexta-feira (14), em Belém (PA), a operação Forte do Castelo 2, que aprofunda as investigações sobre...
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O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.