ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Em vídeo, Bolsonaro ataca índios, imigrantes e Ibama
'Tem índios que falam nossa língua muito bem, que tem nossos costumes. Isso que queremos, não queremos que atrapalhem o desenvolvimento da nação', disse o presidente eleito ao defender o fim de reservas indígenas por Redação RBA O presidente eleito Jair Bolsonaro...
ANOS DE CHUMBO: Há 50 anos, AI-5 dava início aos tempos mais sombrios da ditadura
Torturas, assassinatos, perseguições e violações de direitos humanos do regime militar ainda atormentam o presente Lu Sudré - Brasil de Fato “Eu comecei a ser torturado no momento em que cheguei lá. O capitão Albernaz, que já era conhecido como um dos piores carrascos...
Luciano Siqueira: AI 5, 50 anos, a Pátria nos chama
A cada data redonda, nãos apenas historiadores, mas nós outros simples mortais também revisitarmos episódios de nossa História. Por Luciano Siqueira* Como hoje, data em que se assinala 50 anos da edição do Ato Institucional número 5, que se constituiu no...
Coaf comete erro ao incluir Wanderson Nogueira do PSOL em lista
Erro em publicação da Alerj teria atrapalhado a apuração do Coaf por Márcio Anastácio O relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) errou ao citar o nome do deputado estadual Wanderson Nogueira (PSOL-RJ) como tendo uma assessora realizando...
Aliados de Temer e Bolsonaro querem votar, com urgência, projeto que atinge movimentos sociais
O Projeto de Lei 10.431/2018, de autoria do Poder Executivo e que torna possível o bloqueio de bens de pessoas e entidades investigadas ou acusadas de terrorismo, passou a tramitar em caráter de urgência na Câmara dos Deputados, com o apoio de parlamentares da...
Escola sem Partido é arquivado após oito sessões consecutivas e não será votado em 2018
Por Ana Luiza De Carvalho O Projeto de Lei 7180/14, conhecido como Escola sem Partido, não será votado neste ano. O presidente da comissão especial que analisa a matéria na Câmara, Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou a discussão desta terça-feira (11) e afirmou que não...
Dilma e Lula comentam Declaração Universal dos Direitos Humanos
Para eles, perseguição política é uma clara violação do texto da ONU Ao destacar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que se o documento fosse cumprido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria...
FLC participa de cerimônia que comemora os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DDH) completou, nesta segunda-feira (10/12), 70 anos. Para celebrar a criação do documento que delineia os direitos básicos do ser humano, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.