ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Belém vive guerra entre facções criminosas e milícias
Reportagem especial da BBC Brasil publicada neste domingo (11), mostra a guerra entre facções criminosas e milícias que Belém enfrenta nos últimos tempos. O texto, assinado pelo repórter Leandro Machado, mostra que essa “batalha” na capital tem como resultado...
#NovembroQuilombola: comunidades de Bujaru e Óbidos, no Pará, recebem títulos de terra
Feitas pelo Incra, titulações ocorrem após cobranças do MPF O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) concedeu, nesta segunda semana de novembro, títulos de terra a duas comunidades quilombolas do Pará: à comunidade São Judas Tadeu, do...
MPF abre investigação sobre carta com ameaças a alunas do curso de geografia da UFPA em Altamira
Procuradoria vai investigar crimes de racismo, incitação ao genocídio e ameaça. A carta é anônima e foi deixada no centro acadêmico do curso O Ministério Público Federal (MPF) determinou, nesta quinta-feira (8), a abertura de investigação criminal sobre uma...
Esta charge do Mariano foi publicada em
Caxias sobe a rampa do Palácio do Planalto com Bolsonaro
Violência, massacres de movimentos sociais e até captura de escravos fugidos fizeram a fama do Patrono do Exército em quem Bolsonaro se espelha por Jornalistas Livres Por Caetano Manenti, na página Jornalismo em Pé O Brasil terá um militar como presidente...
ENTREVISTA: Militares antinacionais? Pesquisador analisa contradição que ronda governo Bolsonaro
Para João Quartim de Moraes, fenômeno é característico das Forças Armadas brasileiras, historicamente ligadas aos EUA Júlia Dolce O nacionalismo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem sido colocado em xeque por opositores e intelectuais, que questionam o...
EDUCAÇÃO: Bancada conservadora tenta votar o “Escola Sem Partido”; oposição se mobiliza e reage
Debate foi novamente adiado por conta de uma votação no plenário da Casa Cristiane Sampaio O Projeto de Lei 8180/2014, batizado de “Escola sem Partido”, voltou ao palco das polêmicas da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (7). Em nova tentativa, parlamentares da...
Fundações partidárias discutem o futuro do Brasil com a eleição do novo governo
Na tarde desta terça-feira (6/11), representantes da fundações partidárias se reuniram em Brasília (DF) para realizar o balanço das eleições de 2018 e pontar perspectivas de cada partido para o próximo ano. Com a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência da...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.

BELÉM




