A mineradora Vale, em despudorada escalada de violência, espancou na última segunda-feira, 27/02, dois trabalhadores rurais num ramal ferroviário em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará.

A denúncia das agressões foi registrada na delegacia de polícia do município e correu nas redes sociais e rapidamente a empresa se viu obrigada a dar explicações públicas, mas a emenda saiu pior do que o soneto, confirmando o caráter despótico da grande empresa.

No corolário das justificativas a acusação de que tais trabalhadores rurais – 10, ao todo – estavam realizando uma ocupação em áreas da mineradora, o que é uma falácia porque todos sabemos que ocupações de terras exigem a mobilização de centenas de famílias, o que não ocorreu.

Na verdade, a empresa segue com sua prática de intimidar e criminalizar aqueles que, de algum modo, incomodam sua imagem pública e interesse. Para isso é só conhecer o achaque que a mineradora faz contra a figura do professor Evandro Medeiros, da Unifesspa, acusado de liderar um protesto pacífico em solidariedade às vítimas de Mariana, em Minas Gerais.

Ademais, as agressões aos trabalhadores rurais, que envolve também a tortura, é própria de uma empresa que herdou – em tempos de ditadura militar – os préstimos de violentos quadros da repressão política, antigos agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI) que formaram a visão de segurança da empresa, sempre destinada à violência contra trabalhadores rurais e seus aliados.

Aqui, o relato das agressões e tortura promovida pela Vale:
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“Na última segunda – feira 27, foi um dia de muita angústia para mim e todos os nossos familiares. Eu estava na fazenda do meu pai localizada na VP 12 ( a propriedade faz divisa com o Projeto S11D) e na ocasião, ele e meu irmão saíram cedo junto com alguns trabalhadores para consertar uma cerca para impedir q o gado dele se perca em meio a área da vale, já q a mineradora nunca cumpriu com oq a justiça determinou q seria fazer a cerca em todo o ramal ferroviário. Então no local q meu pai estava trabalhando apareceram guardas questionando o que estavam fazendo, em resposta meu pai afirmou q estava solucionando o problema relacionado a saída do gado de sua propriedade e em seguida ligou para minha mãe levar os documentos p eles verem que a vale está em dívida em relação as cercas, eles fizeram uma ligação e logo chegou mais um veiculo com outros guardas somando 10 ao todo, encapuzados, com armas pesadas, spray de pimenta e facão. Eles chegaram espancando meu pai e rendendo todos os trabalhadores q ali estavam, meu irmão sem aguentar ver a covardia partiu em defesa do meu pai, nesse momento juntaram vários homens para espancar ele, jogaram spray de pimenta neles,deram vários socos, chutes e coronhadas. Meu irmão chegou a ter convulsões de tantas coronhadas na cabeça, e mesmo assim eles não param, amarraram os dois e continuaram o espancamento e ainda os ameaçaram de morte, eles só pararam quando minha mãe chegou junto com minha cunhada e um sobrinho de 3 anos no local, agrediram minha mãe verbalmente e ameaçaram quebrar o celular dela. No desespero ela retornou para casa para me buscar e ligar para polícia, mais quando chegamos no local eles já tinham partido com meu pai e irmão, os demais trabalhadores saíram do local ainda rendidos sem poder olhar p trás, pq essa foi a ordem que deram, se alguém olhasse levava tiro. Ao chegarmos em Canaã fomos p a delegacia onde estavam todos, a imprensa fez a reportagem e na hora da entrevista meu irmão passou mal novamente. E foi hospitalizado. Só que lidar com uma empresa desse porte é bem difícil porque o país em que vivemos a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco $. Então peço a todos que ajudem a minha família a fazer Justiça, a cobrar das autoridades que sejam justos. Vamos divulgar esse caso, por que essas pessoas não tem o direito de fazer tamanha covardia. Eu grito por justiça,não podemos admitir que eles abafem esse caso… Me ajude Canaã, me ajuda região.”

A resposta da Vale:

Até quando?

Paulo Fonteles Filho.