No dia 11 de junho 1987 a trama armada por setores do latifúndio paraense tem seu intento. Na saída da Capital paraense, em plena luz do dia, é assassinado o advogado, dirigente do PCdoB e ex-deputado estadual Paulo Fonteles. Crime que chocou e mobilizou a sociedade paraense.
Paulo Fonteles já vinha sofrendo inúmeras ameaças a sua integridade e a sua vida. Por conta da sua firme atuação política e militante. Advogado dos trabalhadores rurais, ativista da luta por direitos humanos, lutador do povo e dirigente comunista, Paulo manteve permanentemente ação militante.
Por muitos meios tentaram calar a voz e parar a militância de Fonteles. Na ditadura militar tentaram com a perseguição, a vida clandestina, a prisão, a tortura. O espírito de resistência de Paulo era bem representado pela atitude, na época da ditadura, de pichar nas paredes de seu quarto de estudo em letras caixa alta vermelhas: “NEM A FORÇA DOS VENTOS PODE DERRUBAR UM IDEAL”. Esta era uma forma de responder a estas tentativas.
Depois foram as inúmeras ameaças a sua vida, na tentativa de intimidação. Paulo figurou por muitos anos nas listas dos ameaçados para morrer dos latifundiários do Pará. A resposta a essas ameaças sempre foi maior ligação com o povo e ampliação das lutas. Famosa ficou a afirmação, demonstrando a sua coragem na luta do povo, “Tiram minha vida, não minhas ideias! O importante é a luta do povo!”
Paulo exerceu por quatro anos o mandato de deputado estadual, na época pela legenda do PMDB, mas representando a voz dos comunistas do PCdoB. Fez da Assembleia Legislativa um palco da luta do povo, da resistência democrática e uma tribuna de denúncias dos crimes contra os trabalhadores e o povo.
Após esses quatro anos, não tendo sido eleito a Câmara Federal, intensificou a militância e a luta política. Assumiu a tarefa de direção do trabalho sindical do PCdoB no Pará e mais uma vez dedicou forças como advogado dos trabalhadores. As inúmeras tentativas de fazer Paulo Fonteles parar sua militância política foram vencidas com mais dedicação a luta, em todos os terrenos e palcos.
As balas do latifúndio desferidas contra a cabeça de Paulo Fonteles, no dia 11 de junho de 1987 também não o fizeram plenamente parar de lutar. Hoje estamos homenageando este lutador do povo que partiu a 30 anos, mas que permaneceu nestes 30 anos presente na luta do povo. Com seu exemplo, com sua dedicação a luta e sua imensa capacidade de se reinventar na luta.
30 anos sem Paulo Fonteles, sem a sua presença física, sem a sua voz ativa a denunciar. Mas também 30 anos com Paulo Fonteles, presente sempre nas lutas e vitórias do povo brasileiro. Nestes 30 anos ficam sempre o exemplo e as lições de quem tinha a certeza de que “nem a força dos ventos pode derrubar um ideal!” e que a violência do latifúndio e dos donos do poder precisam ser enfrentadas por que “Tiram minha vida, não minhas ideias! O importante é a luta do povo!”
* Jorge Panzera é presidente do PCdoB no Pará e membro do Comitê Central do PCdoB.