Após duas horas de conversa na Superintendência do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Belém, os 100 universitários atendidos pelo Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (Pronera) decidiram desocupar a sede da instituição, na tarde desta quarta-feira (16). Eles manifestavam contra o corte de verbas das bolsas de estudos do Governo Federal.
Os estudantes bloquearam a entrada e saída dos servidores da sede do Incra no fim da manhã desta quarta-feira porque, segundo eles, a instituição não estaria repassando à Universidade Federal do Pará (UFPA) o dinheiro que ajuda a manter os estudantes atendidos pelo Pronera. O programa possibilita o acesso de quilombolas, ribeirinhos e trabalhadores rurais ao ensino superior.
Segundo o estudante Pronera Marcos Cardoso, ficou acordado na reunião que o Incra e a UFPA farão uma força tarefa para organizar toda a documentação necessária a fim de que o Incra libere os recursos necessários para a manutenção dos cursos e também os valores das bolsas que os estudantes recebem no valor de R$400,00.
Ainda de acordo com os estudantes, o valor é essencial, principalmente aos alunos que vêm dos municípios distantes como Ourém, Tailândia, Goianésia e Tomé Açu, que precisam se manter na capital. “O valor da bolsa, que já é baixo, é usado para custear hospedagem, alimentação e transporte”, diz o aluno Marcos Cardoso.
A agenda de trabalho se inicia na próxima segunda-feira (21) com reuniões na Superintendência Regional do Incra em Belém e na sede do Incra em Brasília. O objetivo, segundo os estudantes, é que até outubro todos os repasses sejam realizados e as bolsas pagas. “O nosso recado foi dado no Incra. Não aceitamos o corte de direitos do povo camponês. Se precisar ocupar novamente, faremos isso”, diz a nota divulgada pelos estudantes.
Segundo Marcos, a superintendente do Incra, Nilma Lima, se comprometeu com a continuação dos cursos. “A superintendência irá acompanhar os processo em Brasília para impedir a demora nos repasses financeiros”, disse o aluno.
São duas turmas, cada uma com 50 alunos, dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Geografia com Ênfase em Desenvolvimento Territorial Rural. Segundo o calendário, as turmas vão até 2020.