A Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará (Segup) disse nesta sexta-feira (15) que é preciso desarticular a ligação entre criminosos e policiais militares no estado. Nos últimos quatro anos, 45 PMs foram expulsos da corporação acusados de envolvimento com cobrança de propina, participação em milícias e envolvimento com o tráfico de drogas.
De acordo com a Segup, as gravações das conversas entre dois policiais militares suspeitos de envolvimento na maior chacina de Belém, em janeiro de 2017, revelam o poder das milícias na capital.
“Chamou a atenção o fato de eles serem extremamente articulados. As ações desses grupos de extermínio aumentam em demasia o número de homicídios por dia, em Belém. Desarticular esses grupos é uma medida essencial de política pública”, disse Ana Lins, ouvidora da Segup.
Na semana passada, sete policiais foram presos. São cabos, soldados e um subtenente da PM. O grupo é acusado de integrar a uma milícia e de matar 17 pessoas neste ano, em Belém. Entre eles está o policial militar apontado pela Promotoria Militar como sendo o chefe de um grupo de extermínio que agia na região metropolitana de Belém. Ele e um cabo vinham sendo monitorados porque foram reconhecidos por testemunhas e sobreviventes da chacina registrada em janeiro e que resultou na morte de 27 pessoas na Grande Belém.
“Em alguns trechos das conversas se constata claramente que pessoas contratavam os serviços desses investigado, serviços de execução, de cobrança de dívida de forma irregular, de ameaça com tom de extorsão. Havia um verdadeiro poder paralelo estabelecido por essas pessoas que estão sendo alvos de uma ação penal da promotoria”, detalha Armando Brasil, promotor.
Na operação que prendeu os sete policiais militares, foram apreendidos 20 celulares. Todos serão periciados pela Polícia Federal. A Promotoria Militar acredita que esse pente fino nos aparelhos pode ajudar a revelar mais detalhes do esquema criminoso e a participação de outras pessoas.
“Durante as interceptações muitos deles conversavam, confidenciavam ilícitos, mas deixavam pra dar detalhes por meio de aplicativos de mensagens. Então, o objetivo é exatamente esse, fazer a recuperação dessas provas e identificarmos realmente se há mais pessoas envolvidas, se é possível identificar a participação de outros policiais, ou não,. É preciso que nós façamos uma ampliação dessa investigação”, concluiu Armando Brasil.
Veja o vídeo no link abaixo: