Por Paulo Fonteles Filho.

Nesse Círio de 2017 assistimos o uso oportunista da multitudinária fé dos paraenses com as presenças do golpista Temer, do delinquente fascista Bolsonazi e do (des)prefeito de São Paulo, João Dória.

O caso não é novo, volta e meia os donos do poder procuram fazer uso do prestígio de Nossa Senhora de Nazaré e da imensa comunhão que ela enseja entre as famílias e o povo, numa festa religiosa mas também profana, que reúne cultura popular, tolerância, solidariedade e a melhor culinária do Brasil.

Aos desavisados, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré é mais importante que o próprio Natal na alma paraoara.

No domingo próximo mais de dois milhões de romeiros irão acompanhar a santinha pelas ruas ensolaradas de Belém, numa tradição de mais de duzentos anos, sempre na alma dos mais humildes que dão demonstrações emocionantes de fé e amor à imagem encontrada pelo caboclo Plácido José de Souza, em 1700.

A primeira procissão foi anos mais tarde, em 1793, depois de autorização dada pelo Vaticano.

O fato é que em 1974 os principais quadros da ditadura militar estiveram na província – dentre eles o vice-presidente da República, general Adalberto Pereira dos Santos; o governador de São Paulo, Paulo Egydio e o ministro da Saúde, Paulo de Almeida Machado – todos recebidos pelo então governador Aloysio Chaves, eleito indiretamente dias antes da procissão que, segundo documentário do Arquivo Nacional contou com 400 mil pessoas.

O filme trata a corja repressiva como a “vanguarda da procissão”, laureados pelo então Dom Alberto Gaudêncio Ramos, Arcebispo de Belém daqueles terríveis dias e acusado de ter entregue seus próprios padres para a máquina de tortura instalada no país.

Curiosamente o filme não cita a famigerada figura de Jarbas Passarinho, eleito em 15 de novembro ao senado e o mais estreludo dos golpistas de 64 no Pará, autor da mercurial frase “às favas os escrúpulos da consciência” quando da assinatura do AI-5, em 1968, que inaugurou o período de terror do tirânico regime.

Diante de tudo isso, Nossa Senhora de Nazaré – a Nazinha, mãe do povo – vendo toda essa patifaria  oportunista deu o troco e impôs uma retumbante e esmagadora derrota ao regime nas eleições de 1974, quando a ditadura começava a desmantelar, em meio à crise do Petróleo e a resistência no Araguaia.

2018 vai repetir 1974 na consciência social e a Santinha só tá mirando esse circo elitista e vai dar o troco na hora certa. Amém!

#ForaTemer #XôBolsonazi #VazaTemer #ASantinhaVaiDarOTroco

PS: Assista o documentário do Arquivo Nacional, publicado em 1975.