O assassinato de políticos no Pará colocou em alerta as associações dos municípios, que vão cobrar novas medidas de segurança ao governo estadual. Nesta terça-feira (17) será enterrado em Pau D’Arco, no sudeste do Pará, o vereador Manoel de Almeida (PMDB), a última vítima da violência contra políticos.
Prefeitos de várias regiões do estado estão preocupados. Eles vieram a Belém para tratar da crise econômica nos municípios e durante o encontro falaram sobre os assassinatos.
“Só no lago de Tucuruí esse ano já foram dois prefeitos e mais dois vereadores. Então, a preocupação é muito grande de todos nós políticos, prefeitos que administram os municípios, principalmente na região sul do Pará”, afirmou o prefeito de Itupiranga, José Milesi.
“A gente tem que tentar se defender mais buscando a Deus e também às vezes deixando de ir a alguns lugares, em alguns horários, mas também sabemos que é muito perigoso. A gente pede mais um pouco de atenção da parte das autoridades competentes com a prevenção”, ressaltou o prefeito de Novo Repartimento, Deusivaldo Pimentel.
“Estamos novamente agendando uma reunião com o secretario de segurança pública para que possamos realmente ter uma resposta do poder público estadual na questão da segurança pública para que nos dê uma resposta a respeito dessa situação que está ocorrendo com os prefeitos e vereadores, com a classe política no nosso estado”, informou Xarão leão, presidente da Federação das Associações dos Municípios do Estado do Pará (Famep).
Assassinatos
O vereador Manoel de Almeida foi executado no último sábado (14) em um bar na BR-155 em Pau D’Arco, sudeste do Pará. Ninguém foi preso e a polícia ainda não tem uma linha de investigação para o crime.
“A gente observou que aparentemente não seria uma situação em decorrência do exercício do mandato justamente porque é uma pessoa que não tinha uma linha de atuação que pudesse inspirar algum sentimento de vingança ou algo nesse sentido”, explica Silvio Maués, delegado do interior.
Testemunhas disseram que os assassinos chegaram de moto e usavam capacetes para cobrir o rosto. Um deles atirou contra o vereador. Não há câmeras de segurança no local.
“É típico muitas vezes dos crimes praticados mediante encomenda, como nós costumamos chamar. Mas é necessário que você trabalhe esta constatação diante de uma possibilidade motivacional, então nós vamos agora, partindo dessas características, juntar com possíveis causas de motivação para poder aprofundar as investigações e chegar até a autoria intelectual e autoria direta do crime”, disse ainda o delegado Silvio.
Em abril deste ano, outro vereador, Paulo Chaves Marinho (PSB) foi assassinado em Rio Maria. Três prefeitos também foram mortos a bala no sudeste do Pará em menos de dois anos.
O prefeito de Tucuruí, Jones William (PMDB) foi morto a tiros em junho deste ano enquanto vistoriava obras para tapar buracos em uma estrada na cidade. Um homem acusado de ser o executor do crime está preso. O Ministério Público do Pará investigada o prefeito de Tucuruí por suspeita de fechar contratos ilegais da prefeitura para beneficiar cinco empresas da região.
Em maio deste ano a vítima foi o prefeito de Breu Branco. Diego Kolling (PSD) levou dois tiros enquanto andava de bicicleta em uma rodovia estadual. A polícia concluiu o inquérito e prendeu seis pessoas, entre elas um empresário da região. Segundo as investigações, o empresário queria fechar contratos ilegais e superfaturados com a prefeitura , mas não houve acordo. Ele nega.
Já o prefeito de Goianésia do Pará, João Gomes da Silva (PR) foi assassinado em janeiro do ano passado durante um velório no centro da cidade. O inquérito concluiu que a motivação do crime foi política O suspeito de mandar matar o prefeito era um vereador da cidade, que também foi executado.