O Ministério Público Federal acredita que os prejuízos causados à capital paraense com os desvios de dinheiro na gestão de Duciomar Costa dificilmente serão superados.
No final da tarde desta sexta-feira (1), o ex senador pelo Pará em 2002 e ex prefeito de Belém Duciomar Costa, preso na operação “Forte do Castelo” da Polícia Federal junto com outras três pessoas, foi transferido para o presídio. O Ministério Público Federal acredita que os prejuízos causados à capital paraense com os desvios de dinheiro na gestão dele dificilmente serão superados.
Duciomar deve passar a noite no presídio Anastácio das Neves, em Santa Izabel, na região metropolitana de Belém. Com os mais de 400 milhões de reais que ele teria desviado seria possível pagar quatro vezes as obras do Portal da Amazônia. A obra de pouco mais de dois quilômetros de extensão custou cem milhões de reais na gestão de Duciomar Costa.
No mesmo período ele foi responsável por obras polêmicas como a passarela para atravessar a BR-316 em frente a um shopping. A obra custou nove milhões e quatrocentos mil reais. O ex prefeito também deu inicio a empreendimentos como o BRT, orçado inicialmente em quatrocentos milhões de reais, projetos que, ao longo da gestão de Duciomar, geraram 13 processos na Justiça estadual e 15 na federal.
“Na área da saúde, por exemplo, temos a aquisição do hospital Cirio Libanês, que foi feita de forma totalmente irregular e foi anulada, nós temos problemas de destinação de equipamentos de reforma do Pronto Socorro Municipal que não foram feitas, tivemos recursos da saúde desviados para aquisição de carros pela Guarda Civil Metropolitana, tivemos não utilização de recursos na área de saúde, … Há um conjunto de ações e todas elas giram em torno de um eixo que é o de aplicação indevida de recursos, direcionamento de licitações e mal uso de recursos federais”, explica o procurador da República Ubiratan Cazetta.
Duciomar Costa está inelegível durante os próximos oito anos. Ele foi condenado em segunda instância pelo desvio de verbas públicas que deveriam ter sido utilizadas no saneamento da capital do estado na época em que ele foi prefeito de Belém.
Até hoje a macrodrenagem iniciada no primeiro mandato de Duciomar e tocada na época pela empresa da atual mulher dele não foi concluída. Doze anos depois os moradores ainda convivem com a falta de saneamento. “A gente anda pelas beiradas aqui e só falta cair na vala. No tempo da chuva isso aqui alaga”, diz a secretária Maura Souza, que mora no bairro.
Duciomar deu início à carreira política como vereador de Belém na década de 80 e foi prefeito da capital de 2005 a 2012, um período marcado por prejuízos que dificilmente a cidade vai recuperar. “Ainda mais em um período de crise financeira. Você tem pouquíssimas chances de imaginar que esses recursos federais que vieram para essas obras voltem a vir e que o município tenha com seus recursos próprios capacidade de terminar isso”, avalia o procurador.