A insegurança em Belém é tanta que os crimes ocorrem a qualquer hora do dia, até em áreas nobres.

Belém é a décima cidade mais violenta do mundo. Um levantamento feito todos os anos pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz (Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal), com sede no México, mostra que a violência na capital paraense disparou de forma assustadora: em 2016, o mesmo estudo posicionava Belém na 23ª posição, com taxa de 48,23 homicídios por 100 mil habitantes. Hoje, colocada entre as dez cidades mais violentas do mundo, essa taxa pulou para 71,38. Natal e Fortaleza são as duas capitais brasileiras também incluídas entre o ranking das dez mais violentas do mundo.

O estudo utiliza índices de população e de homicídios de estatísticas oficiais dos governos locais de cidades com mais de 300 mil habitantes. A ONG faz o ranking das 50 cidades mais violentas do mundo com base no número de homicídios dolosos registrados por órgãos oficias de segurança.

São 17 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes listadas no ranking, que é encabeçado pela mexicana Los Cabos (com 111,33 homicídios por 100 mil habitantes em 2017) e pela capital venezuelana, Caracas (111,19).

Natal (RN) aparece em quarto lugar no ranking mundial, com 102,56 homicídios por 100 mil habitantes e Fortaleza em sétimo, com 83,48 assassinatos por cada grupo de 100 mil habitantes. Outras cidades brasileiras que aparecem no ranking são Vitória da Conquista (BA), Maceió (AL), Aracaju (SE), Feira de Santana (BA), Recife (PE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Macapá (AP), Campos de Goycatazes (RJ), Campina Grande (PB), Teresina (PI) e Vitória (ES).

O crescimento da violência em cidades menores -e, sobretudo, do Norte e Nordeste brasileiros – alarma especialistas há mais de uma década. De acordo com o levantamento, como o Brasil não investiga seus homicídios (mais de 90% deles ficam impunes), é difícil identificar com total certeza as relações de causa e consequência no que diz respeito à violência urbana.

CRIMINALIDADE

Especialistas no tema, no entanto, apontam fenômenos como guerra de facções criminosas, avanço do tráfico de drogas e crescimento urbano sem a oferta de serviços de segurança eficazes como alguns dos motivos mais prováveis para a explosão da taxa de homicídios em cidades brasileiras que no passado não figuravam nos rankings.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera uma taxa acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes como característica de violência epidêmica.

NA CONTRAMÃO

O principal destaque nesse ponto é San Pedro Sula, em Honduras, que caiu do terceiro para o 26º posto do ranking entre 2016 e 2017. Os homicídios caíram 54% em apenas um ano.

NÚMEROS

– 750 mortes – Foi o número de óbitos em todo o Estado registrados somente nos dois primeiros meses de 2018, segundo dados obtidos pelo DIÁRIO junto ao Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará (Sisp).
– 13 por dia – É a média aproximada de mortes violentas no Pará este ano. Foram 434 em janeiro, sendo 370 homicídios, e outras 316 mortes no mês passado, incluindo 259 assassinatos.

PARA ENTENDER

As cidades de Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e São Luís (MA), que figuravam no ranking de 2016, deixaram de aparecer em 2017

(Luiza Mello De Brasília)

(Foto: Celso Rodrigues)

ACESSE O RELATÓRIO COMPLETO EM Las 50 Ciudades Más Violentas del Mundo 2017 + Metodología ou na página https://www.seguridadjusticiaypaz.org.mx/ranking-de-ciudades-2017