Ex-prefeito de São Paulo e coordenador do programa de governo, em entrevista ao jornal “Valor”, defendeu a aplicação de “choques liberais” que combatam a concentração econômica
O programa de governo da candidatura do ex-presidente do Luiz Inácio Lula da Silva contará com propostas de regulação da mídia, para promover o pluralismo e a diversidade, e combater a concentração do setor. Em termos econômicos, a proposta petista vai combater os juros bancários elevados, revogar a “reforma” trabalhista e implementar um imposto progressivo sobre as heranças.
As linhas gerais foram apresentadas pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que coordena o programa do partido, em entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira (23). A “encomenda” da parte de Lula, segundo Haddad, foi um conjunto de propostas para tirar o país da crise, “muito agravada pelo governo Temer”, e que está pronto para ser apresentado ao partido.
“Concentração vertical, horizontal, propriedade cruzada. Vamos propor uma regulamentação que aumente o pluralismo e a diversidade dos meios de comunicação. (…) Sobretudo não permitir que os poderes político e econômico se imiscuam na comunicação, deixando-a a mais livre possível. Compromisso com diversidade, com o contraditório, com liberdade de expressão de camadas vulneráveis, com representatividade étnica.”
Segundo ele, a concentração da mídia é um problema “quase que genético do país” e necessita um “choque liberal antipatrimonialista”, com a criação de um órgão regulador “que monitore o cumprimento de compromissos” que toda concessão deve ter.
Juros e crédito
O setor bancário é outro que deverá ser submetido a um “choque liberal” que combata o “patrimonialismo oligopólico”, para fazer cair o spread bancário, – a diferença entre o que os bancos cobram para emprestar e o quanto pagam ao poupador. Em relação ao crédito, o sistema bancário brasileiro é o “pior do mundo”, disse Haddad.
Ele prometeu ainda um sistema tributário progressivo, com a diminuição da carga para o consumo e elevação da tributação progressiva sobre a renda e o patrimônio. “Hoje nós temos uma das mais baixas alíquotas sobre herança. Não queremos aumentar para todos.”