Segundo escritor, noite de sábado foi também um momento histórico da música brasileira pelo encontro de Chico e Gil no palco para cantar ‘Cálice’, 45 anos após terem sido impedidos de interpretá-la
Para o escritor Eric Nepomuceno, um dos idealizadores do Festival Lula Livre, o evento ganhou relevância por influenciar a opinião pública, já que seu alcance foi além dos apoiadores do ex-presidente. “As pessoas foram lá manifestar apoio ao Lula e à democracia, mas havia uma parte atraída pelos artistas e tenho certeza que saíram convencidos ou com um ‘sindicato de pulgas’ atrás da orelha”, afirma ele, em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na Rádio Brasil Atual.
O festival realizado no último sábado (28), no Rio de Janeiro, foi um sucesso, avalia o escritor. “Conseguimos colocar pelo menos 50 mil pessoas ao ar livre, de pé, sem haver uma linha nos grandes meios de comunicação. (A divulgação) Foi quase só no boca a boca”, ressalta.
“Ficou bastante claro, nas falas e textos lidos por atores e atrizes, que o objetivo do golpe institucional que destituiu de maneira absurda a presidenta Dilma Rousseff, diante da omissão covarde dos tribunais superiores, era apenas uma peça. O objetivo final era impedir o Lula de voltar à Presidência.
A opinião pública brasileira, tanto os que foram quantos o que não foram, está cada vez mais convencida disso.”
Nepomuceno afirma que houve dois denominadores comuns entre os artistas: a qualidade musical e, principalmente, a defesa pela democracia. “Havia músicos sem vinculação com partidos, mas que buscavam o restabelecimento da democracia, incluindo a liberdade de Lula, que está preso numa farsa jurídica, em/ um grande golpe institucional”, diz.
Entre os grandes nomes que passaram pelo palco montado nos Arcos da Lapa, na região central, Nepomuceno destacou o encontro de Gilberto Gil e Chico Buarque como um momento histórico da música brasileira. “Quarenta e cinco anos depois de serem proibidos de cantar Cálice, pela primeira vez, cantaram a música ao vivo. A única coisa que doeu é ver que essa canção, no sentido do verbo ‘calar’, voltou a ter vigência no país”, conta ele, ao relembrar do episódio quando os dois foram impedidos de cantar a música no encontro Phono 73, realizado em 1973, em São Paulo.
À TVT, Lurian Lula da Silva, filha do ex-presidente, diz que iniciativas como esta são importantes para continuar retratando a situação de Lula. “Para fazer com que as pessoas tomem consciência de que o Lula é inocente, porque é triste ver um homem de 72 anos ser privado do que mais gosta de fazer e sem ter o contato com o povo, as pessoas que ele mais ama. Esse ato representa muita coisa”, afirma à repórter Adriana Maria.
Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT: