Em entrevista ao G1 e CBN, presidenciável reafirmou que, se eleito, vai mexer em “vespeiros”, como a taxação dos bancos por juros abusivos e a regulação da mídia, além da reforma tributária
O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) afirmou que sua gestão irá mexer em dois “vespeiros”: a taxação dos bancos e a concentração dos meios de comunicação. “São dois cartéis”, definiu ele, em entrevista ao portal G1 e à rádio CBN, nesta terça-feira (18).
Haddad criticou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.613, apresentada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), em 2016, que busca limitar a atuação de portais estrangeiros no Brasil. “Os jornais brasileiros entraram com uma ação para proibir as agências internacionais em língua portuguesa, como a BBC Brasil, por exemplo. Não vamos permitir a cartelização dos meios de comunicação”, afirmou ele.
Na área econômica, ele afirmou que a carga tributária não aumentou durante os governos do PT e que irá “reequilibrar o jogo”, por meio do aumento de impostos para os muito ricos. “Queremos isentar do imposto de renda quem ganha até cinco salários mínimos”, disse ele, que acrescentou outra medida visando também os bancos. “Vai ter que doer no bolso do banqueiro quando ele aumentar juros. E não do trabalhador. Aumentou juros, vai pagar mais imposto”, explica.
Haddad também foi perguntado sobre o apoio que tem recebido de diversos setores políticos, incluindo lideranças que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff. O candidato afirmou que “muita gente reconhece o erro de apoiar o golpe” e citou a Rede Globo. “As organizações Globo levaram 50 anos para reconhecer que foi um erro ter apoiado o golpe militar (de 1964), que deixou o país nas trevas por mais de 20 anos. Eu não posso perdoar em dois anos quem reconheceu que errou?”, disse o presidenciável, ao citar o mea culpa feita pelo ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que admitiu, em entrevista ao O Estado de S. Paulo,o erro dos tucanos “em sabotar o governo Dilma”.
Os jornalistas também questionaram o petista sobre os ataques feitos pelo candidato Ciro Gomes (PDT), porém Haddad afastou qualquer possibilidade de contra-ataque. “Acho o Ciro um quadro e estaremos juntos no segundo turno. Estamos no mesmo campo, contra o obscurantismo que se instalou no país”, disse.
Outra questão abordada insistentemente durante a entrevista foi o “indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. O presidenciável afirmou que o tema tem sido insuflado pela imprensa, mas que o próprio Lula não quer indulto por ser inocente e, por isso, ele não o dará caso vença as eleições.