Em ato no teatro da PUC-SP, o Tuca, o candidato a presidente discursou a uma frente ampla de defensores da democracia sobre a importância de rejeitar, neste momento histórico, a intolerância e a repressão
por Redação RBA
“Jair Bolsonaro (PSL) ameaçou a integridade física dos seus opositores. Disse que serão presos e exilados (…) Ele é o anti humano. Tudo que precisa ser varrido da face da Terra. Vamos varrer sem dó no dia 28. Vamos varrer o fascismo”. Esse foi um dos principais tons de Fernando Haddad (PT), no encerramento do ato público que, na noite de ontem (22), lotou o Teatro Tuca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), de cientistas, artistas, estudantes, torcidas organizadas de futebol e trabalhadores em apoio à sua candidatura a presidente da República e contra a ameaça da volta do autoritarismo, da tortura e da repressão representada pelo seu oponente.
Intitulado Ato da Virada no Tuca – Agora somos todos Haddad e Manuela, o movimento de resistência se apresenta como uma frente ampla contra o fascismo. Haddad provocou Bolsonaro ao voltar a chamá-lo para um debate de ideias sobre a condução do país.
Entretanto, o candidato do PSL já afirmou que não pretende atender a tal compromisso por “questões estratégicas”. Será a primeira vez desde a redemocratização do país em que não haverá debate direto de candidatos do segundo turno. “Queremos chegar no Planalto para resgatar um projeto de país decente, para todos, que não deixa ninguém para trás, que estende a mão. Não podemos abrir mão. Tanta gente morreu por liberdade”, afirmou o petista.
Haddad comentou o posicionamento de Marina Silva, fundadora da Rede, que horas antes do evento do Tuca declarou seu apoio a sua candidatura. “Liguei para Marina Silva para conversar sobre o futuro. Minutos depois ela disse que votaria no ‘professor’ Haddad. Isso vai acontecer com muita gente até domingo. Só precisamos de uma tomada de ar puro para salvarmos o Brasil desse pesadelo que se chama Jair Bolsonaro. Uma pessoa que não representa nada de bom.”
Futebol e música
Destaque do ato pela democracia no Tuca, 69 torcidas organizadas e coletivos de futebol do país manifestaram seu apoio a Haddad. Torcedores de Corinthians, Palmeiras e de outros clubes ergueram bandeiras e gritaram em apoio ao candidato.
Apresentações teatrais e até mesmo um inusitado número musical, liderado pelo jurista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, dividiram espaço no palco com nomes ilustres da ciência, de diferentes religiões, do movimento sindical e da sociedade civil organizada. “A escuridão não chega ao meio dia, chega no final. Temos que resistir e acreditar na vitória. A utopia é como o horizonte. Damos dez passos o horizonte dá mais dez. A utopia serve para caminharmos juntos e assim vamos até o dia 28”, disse Kakay.
Frente ampla
Antes de Haddad falou a candidata à vice-presidência em sua chapa, Manuela d’Ávila (PCdoB). ” Faremos a escolha entre democracia, liberdade e desenvolvimento, ou não. Se o pacto democrático de 1988 vale ou não. Que as pessoas que não concordam conosco, sigam sem concordar, mas que defendam a democracia, a liberdade”, argumentou, sobre a necessidade da defesa, para além da candidatura petista, das garantias constitucionais firmadas após o fim da ditadura civil-militar (1964-1985), que vêm sendo abertamente atacadas por Bolsonaro.
“Podemos falar das mulheres que amam e acolhem seus filhos, na diversidade sexual, dos meninos negros mortos. Já seriam razões fortes para construirmos a resistência. Temos a possibilidade da construção de um projeto soberano para esse país. Trabalho valorizado e não em condições de escravidão. Estamos falando de investimentos públicos em Saúde e Educação. Já seriam razões para nossa resistência”, concluiu Manuela.
O neurocientista Miguel Nicolelis fez uma defesa da importância do Estado e alertou o público sobre o teor nocivo das propostas de Bolsonaro para o desenvolvimento da pesquisa brasileira. “O Brasil foi considerado um país onde seria possível uma democracia para todos. Hoje peço a todos que lembrem que, dependendo do resultado, não teremos mais ciência. Um país sem ciência é condenado à perda da soberania. Peço um voto pela civilização, pela democracia e pelo Brasil.”
Falando pela juventude, lideranças de movimentos sociais realizaram um jogral liderados pela presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias. “Somos milhões e estamos firmes. Acreditamos na potência do nosso povo. Acreditamos na força das nossas universidades. O Brasil não vai escolher o caminho do retrocesso, do ódio e da violência. O Brasil não vai escolher o fascismo. No lugar das armas, escolas. No lugar do preconceito, políticas de inclusão. No lugar da privatização, defesa do nosso patrimônio. No lugar do passado, desenvolvimento. No lugar da ditadura, democracia. É esse o Brasil que vamos construir juntas e juntos.”