Oito pessoas morreram e três estão em estado grave. Esse foi o saldo da chacina que assustou moradores no bairro do Tapanã, na Grande Belém. Todas as vítimas tinham entre 18 e 25 anos, assassinadas a tiros em vários pontos do bairro onde moravam. E os assassinos: pelo menos quatro homens em duas motocicletas.
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Os crimes aconteceram no final da tarde de ontem (29), cinco dias depois da morte do sargento da Polícia Militar, João Batista Menezes Dias, de 50 anos. O militar foi morto com um tiro na cabeça enquanto voltava para casa, de motocicleta, junto com a esposa, na Rua das Hortênsias, na comunidade Capucho, naquele bairro.
Até o momento, a Polícia Civil não pode afirmar se as onze pessoas baleadas ontem têm alguma ligação com a morte do policial ou se há um único grupo criminoso responsável por todos os crimes. “Foi uma ação sequencial. Ainda não sabemos onde ocorreu o primeiro baleamento. Mas, fomos acionados pelo CIOP [Centro Integrado de Operações] às 18h10, para todos os casos. As informações estão sendo apuradas”, disse o delegado Glauco Valentim, da Divisão de Homicídios.
Dos onze jovens baleados, cinco deles morreram no local onde receberam os tiros. Outros seis foram socorridos por familiares até a Unidade de Saúde do Cordeiro de Farias. Dessas vítimas, três delas não resistiram aos ferimentos: Diego Borges, Sávio Muller Silva, 23 anos, e Davi Thiago. Já outros três foram transferidos no início da noite. Daniel Ribeiro Silva, 20 anos, para o Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, e dois – ainda não identificados – para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua.
Além das características dos executores, dos alvos, do bairro onde ocorreu os crimes, outro detalhe em comum é que, segundo familiares e vizinhança que conversaram com os policiais, as vítimas supostamente nunca tiveram envolvimento com a criminalidade, não eram usuárias de drogas e não estariam sendo ameaçadas. “A Polícia Civil vai investigar, porém, onde tudo aconteceu é extremamente complicado, principalmente por se tratar de área de tráfico de drogas”, comentou Sérgio Oliveira, capitão do 24º Batalhão de Polícia Militar.
Feirante foi morto no trabalho
Moisés Pereira Moraes, de 22 anos, foi morto na Feira do Tapanã. Ele estava no box de frutas onde trabalhava, quando chegaram os atiradores de motocicleta e foram em direção à ele. No momento do crime haviam várias testemunhas que contaram à Polícia Civil que o rapaz ainda tentou escapar se escondendo atrás de uma fruteira, mas não conseguir evitar os 5 tiros fatais.
Manoel Evilásio dos Santos, de 25 anos, também foi assassinado no final da tarde de ontem. O crime aconteceu na rua Haroldo Veloso, no momento em que ele foi comprar limão e foi surpreendido pelos motoqueiros que escondiam o rosto com o capacete. A perita criminal Gilvanda Mendes disse que encontrou um estojo de arma ponto 40 próximo ao corpo do jovem. “Ele foi atingido com quatro tiros, a maioria na região da cabeça. Isso é característica de execução”, explicou.
Com os crimes, o clima no bairro do Tapanã era tenso ao longo da noite de ontem. A população estava assustada e o policiamento ostensivo foi reforçado. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
Matadores usavam capacetes
Thiago Luiz Moraes dos Santos, de 23 anos, e Jacob Almeida Braga, 22 anos, foram assassinados na Rua das Violetas enquanto caminhavam e conversavam. Cada um recebeu 2 tiros após serem abordados por pelo menos 4 homens em 2 motocicletas. Os criminosos estariam de capacete. Não foram repassadas informações mais detalhadas sobre os jovens.
Estudante
Na 5ª Rua com a travessa Uberada, Fernando Pantoja Costa, 18 anos, foi morto com 2 tiros na frente da namorada. O casal estava sentado na calçada de uma unidade da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), quando os criminosos chegaram, também de moto, teriam pedido para a mulher se afastar do rapaz e atiraram.
Fernando ainda tentou se defender com as mãos, mas não resistiu aos ferimentos. “Com certeza confundiram ele. Meu neto não era de rua, não tinha passagem pela polícia. Ele estudava, trabalhava como entregador de pizza e costumava sentar aqui no final de tarde”, comentou Heloísa Silva, avó da vítima.
(Michelle Daniel/Diário do Pará)