Mobilização terá como principal pauta a luta contra a reforma de Previdência, que será votada na semana que vem
Centrais sindicais e movimentos populares estão se mobilizando para realizar uma paralisação geral na próxima terça-feira (5). A greve nacional terá como principal pauta a defesa da Previdência Social e a luta contra a reforma que o governo golpista de Michel Temer (PMDB) vem tentando aprovar.
A proposta de desmonte da Previdência deve ser votada na Câmara dos Deputados no dia 6 de dezembro, em um nova versão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/2016. Considerada “mais enxuta” pelo governo do que o texto aprovado em maio por uma comissão especial, a nova reforma, apresentada no último dia 22 pelo relator e deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), é avaliada como tão prejudicial quanto a anterior pelas frentes oposicionistas.
Entenda: Reforma da Previdência ganha terceira versão, mas ainda é criticada por opositores
De acordo com Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os movimentos camponeses estarão mobilizados contra a perspectiva de mais um retrocesso para os trabalhadores brasileiros.
“O MST, junto com outros movimentos sociais do campo, vai trabalhar em uma perspectiva de fechamento de rodovias e participação dos atos nas capitais. Nossa expectativa é que isso impacte de forma decisiva o Congresso Nacional, para tentar impedir que essa proposta seja levada a cabo. Seria mais uma derrota para o povo brasileiro. O governo está destruindo todas as conquistas históricas da classe trabalhadora, estamos retrocedendo para antes do período [do ex-presidente Getúlio] Vargas”, afirmou.
Entre os pontos mantidos da PEC original estão as regras de transição e as idades mínimas de aposentadoria no futuro. Para o servidor público, não há mudanças em relação ao parecer da comissão especial. Entre as medidas mais criticadas da proposta inicial está o fim da peculiaridade da aposentadoria rural, que permite que trabalhadores rurais se aposentem com menor tempo de contribuição. Gilmar Mauro destaca que, com a mudança, milhões de trabalhadores não conseguiriam se aposentar.
“O campesinato, em geral, começa a trabalhar muito cedo. Muitas pessoas no Brasil não conseguem ultrapassar os 55 anos de vida, então isso seria uma sentença de morte para milhões de trabalhadores”, enfatizou.
Já para a vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmen Helena Ferreira Foro, o prejuízo da reforma para as mulheres é um dos principais pontos a serem enfrentados.
“Na atualidade, o único reconhecimento do Estado brasileiro sobre o fato de as mulheres trabalharem mais do que os homens, com a dupla jornada, é a Previdência, quando reconhecem que elas se aposentam cinco anos mais cedo”, disse.
As centrais sindicais pretendem realizar uma ampla mobilização nas bases para a paralisação do dia 5, com assembleias, atos e debates.
Edição: Vanessa Martina Silva