Centrais sindicais e movimentos populares prometem novos protestos caso a PEC 287 entre em votação na próxima semana.
A dona de casa Regina dos Anjos levou os dois filhos para o ato contra a reforma da Previdência, realizado nesta terça-feira (5), na Avenida Paulista, região central de São Paulo.
Para ela, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que altera as regras para a aposentadoria no país, vai afetar profundamente a vida de seus filhos: “Se eu que sou jovem, mas mesmo assim eu só vou conseguir me aposentar já quase de idade, eles então, nem se fala. É um absurdo, um absurdo isso”, diz.
No ato, a advogada Cleonice Demarchi também demonstrou preocupação com a juventude. “Eu tenho filho que vai entrar no mercado de trabalho agora, eu vejo que a possibilidade dele se aposentar com as reformas trabalhista e da Previdência é nula”, reflete.
O governo golpista de Michel Temer (PMDB) pretende votar a medida na Câmara dos Deputados ainda este ano, antes do recesso parlamentar que começa no dia 23 de dezembro. O presidente da Casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM), acenou que a pauta pode entrar em votação já na próxima semana.
Por isso, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocaram o ato desta terça-feira e prometem mais mobilização na semana que vem, como explica Douglas Izzo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de São Paulo.
“Eu acho que é fundamental para demonstrar para o conjunto dos deputados que nós estamos em um processo de mobilização e estamos nas ruas e continuaremos nas ruas até quando for necessário para garantir o direito dos trabalhadores à aposentadoria”, pontua.
O jovem Pedro Henrique, de 23 anos, trabalha autonomamente como pintor. Por estar no mercado informal, ele acredita que vai ter dificuldades em receber o benefício, se as regras propostas pelo governo golpista de Michel Temer forem aprovadas.
“E eu moro em São Mateus e lá a taxa de mortalidade é de 60 anos de idade, então, não faz sentido eu me aposentar com 80 e a galera de onde eu moro morrer com 60 anos. Por isso que eu não concordo com a proposta”, manifesta.
Mesmo com a pauta dos trabalhadores rurais aparentemente fora da reforma trabalhista, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) marcou presença no ato.
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do movimento, afirma que a retirada de pontos sensíveis da proposta inicial, como a mudança nas aposentadorias especiais, é uma estratégia do governo para a desmobilização.
“É uma tentativa de fragmentar o conjunto da classe trabalhadora. E eu acho que todo mundo tem que ficar muito atento a isso. Não basta tirar uma categoria, o problema essencial desta reforma é que ela afeta a sociedade brasileira em geral. Seria um oportunismo de nossa parte, porque foi retirado os camponeses da pauta da reforma, não estarmos aqui”, diz
O ato terminou por volta das 18h30 em frente a Secretaria Especial da Presidência da República, que fica na Avenida Paulista e reuniu cerca de 2 mil pessoas.
Segundo a CUT, outros 25 estados se mobilizaram contra contra a reforma da Previdência, entre eles o Maranhão, Pará e Minas Gerais.
* Com informações de Norma Odara
Edição: Camila Salmazio