Desde 2006 o Ministério Público Federal exige que a Albras e a Hydro Alunorte, ao lado de outras quatro mineradoras do polo industrial de Barcarena, forneçam dois litros diários de água potável por morador e indenizem à população afetada.
Em 2009, o Instituto Brasileiro do Meio Ambente (Ibama) multou a mineradora Hydro Alunorte, instalada no município de Barcarena, no Pará, pelo mesmo motivo que vem sendo acusada atualmente: vazamento de rejeitos. As multas somam 17,1 milhões de reais e não foram pagas até hoje. A empresa recorreu e informou que acompanha os processos.
Nesta quinta-feira (22), um laudo do Instituto Evandro Chagas confirmou a contaminação em diversas áreas de Barcarena provocada pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita da Hydro Alunorte. Em nota, a mineradora informou que vai analisar o laudo para se pronunciar sobre o assunto. Fotos feitas no município no último fim de semana mostram uma alteração na cor da água do rio, que seria a lama vermelha rejeitada na operação da fábrica (bauxita e soda cáustica).
Segundo o Ibama, em 2009, o vazamento colocou a população local em risco e gerou mortandade de peixes e destruição significativa da biodiversidade. O órgão aplicou três autos de infração à empresa Alumia do Norte do Brasil (Alunorte) em decorrência de poluição pelo lançamento de bauxita no rio Murucupi.
Desde 2006 o Ministério Público Federal exige que a Albras e a Hydro Alunorte, ao lado de outras quatro mineradoras do polo industrial de Barcarena, forneçam “em caráter emergencial” dois litros diários de água potável por morador e “indenizem os danos ambientais e à população afetada pela contaminação”.
A Procuradoria da República afirma que emissões destas empresas, em conjunto com as demais empresas da região, seriam responsáveis pela contaminação da área.
“O histórico de acidentes ambientais em Barcarena é impressionante, uma média de um por ano”, disse à BBC Brasil o procurador da República Bruno Valente, que assina uma ação civil pública movida em 2016.
Laudo
O anúncio da confirmação do vazamento foi feito pelo pesquisador em saúde pública do IEC, Marcelo de Oliveira Lima, contrariando a versão divulgada pela empresa, que negou a contaminação.
Diante da confirmação desta quinta-feira, de vazamento de rejeitos da mineradora Hydro Alunorte, a prefeitura de Barcarena informou que, como medida emergencial, vai acatar a recomendação do Instituto Evandro Chagas de fornecer água potável aos atingidos.
A prefeitura informou ainda que está monitorando a área da empresa 24 horas por dia, por meio do trabalho de técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e que vai elaborar um plano de retirada das famílias das comunidades, caso haja o transbordamento das bacias.
O Ibama informou que na vistoria realizada no domingo (18) não foi constatado rompimento ou vazamento nos Depósitos de Resíduos Sólidos (DRS) 1 e 2. Entretanto, serão realizadas novas vistorias nesta sexta-feira (23). Se for constatada derivação clandestina de efluentes, trata-se de crime ambiental, e serão aplicadas as sanções previstas na legislação. O Ibama afirmou que prosseguirá com a apuração junto aos demais órgãos competentes.