Dez meses após o início da migração em massa de índios Warao, a capital paraense decretou estado de emergência. Mais de 200 indígenas venezuelanos vivem em Belém. Há famílias inteiras pedindo esmolas no centro da cidade.
A Prefeitura de Belém decretou na tarde desta segunda-feira (16) situação de emergência social devido ao intenso processo imigratório dos indígenas da etnia Warao da Venezuela para capital paraense. A cidade foi a última entre os municípios que mais recebem indígenas venezuelanos no Brasil a decretar o pedido de ajuda ao Governo Federal, cerca de dez meses após o início da chegada em massa dos Warao na capital. Segundo a prefeitura, a medida será assinada na terça-feira (17) pelo prefeito Zenaldo Coutinho.
De acordo o último levantamento realizado pela Prefeitura de Belém, mais de 200 indígenas vivem na capital paraense. Nas ruas centrais de cidade, famílias inteiras são vistas pedindo esmola nos sinais e pontos turísticos.
Além de Belém, os indígenas Warao estão concentrados nas cidades de Boa Vista, Pacaraima, Manaus e Santarém. A primeira cidade a decretar estado de emergência social foi Manaus, em maio de 2017. Na época a cidade tinha 400 indígenas. O mesmo aconteceu com o estado de Roraima, onde ficam os municípios de Pacaraima e Boa Vista. O estado concentrava cerca de 300 indígenas, decretou estado de emergência social em dezembro de 2017. O município de Santarém, oeste do Pará, também já decretou estado de emergência social no caso Warao.
Em busca de recursos federais
Segundo a prefeitura, a expectativa com o decreto é a de garantir recursos futuros. Após decretar estado de emergência social, as cidades de Manaus, Roraima e Pacaraima já conseguiram auxílios do governo federal. Em julho de 2017, cerca de R$ 700 mil foram depositados nas contas da prefeitura de Manaus pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para que o município tratasse do caso dos Warao. Em março de 2018, o MDS também autorizou um repasse de R$ 1,08 milhão aos cofres de Roraima, divididos em duas parcelas, para os municípios de Boa Vista e Pacaraima.
A Prefeitura de Belém reforçou que todos os indígenas Warao, que já estavam em Belém, foram vacinados, receberam consultas, tratamentos e até internações. O grupo recebe, ainda, visitas permanentes do consultório de rua da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). O município também está ofertando 100% de vagas para as crianças Warao, de 0 a 10 anos, com projeto pedagógico já desenvolvido pela Secretaria de Educação (Semec).