Quatro partidos de esquerda, envolvidos na disputa eleitoral ao Palácio do Planalto, reafirmaram na tarde desta terça-feira (31), a disposição conjunta para a unidade em torno de propostas que possibilitem a saída da atual crise econômica e a construção de um projeto nacional de desenvolvimento.
Por Iberê Lopes
Em reunião realizada na sede do PSB, em Brasília, o tom das falas foi na perspectiva de aliança futura. Os presidentes do PCdoB, PSB, PT e PDT salientaram que o cenário atual aponta para uma coligação apenas no segundo turno das eleições. Mas que há uma sinalização de todas as legendas “coirmãs” no sentido de manter o diálogo aberto até o último minuto.
A presidente do Partido Comunista do Brasil, Luciana Santos, disse que a candidatura de Manuela D’Ávila será oficializada na convenção nacional da legenda. O ato de lançamento oficial está marcado para o dia 1° de agosto, na Câmara dos Deputados. “Nós temos a homologação da candidatura da Manuela, que é um debate que nós fizemos no Comitê Central (do PCdoB)”, disse.
De acordo com a dirigente comunista, Manuela tem sido uma candidata que defende as saídas para crise, que debate a questão nacional e tem afirmado “a necessidade da bandeira da unidade”. “Isso é algo que nós reafirmamos aqui. E estamos sempre (batendo) nesta tecla, insistindo que essa é uma estratégia comum, que eu considero que pode nos levar em melhores condições a vitória”, completou Luciana.
Até o dia 5 de agosto os partidos estão centralizados nas convenções e definirão os rumos de cada uma das candidaturas e a composição das chapas. Eventuais parcerias com outras legendas e, principalmente, a escolha dos nomes para os cargos eletivos serão discutidas com os filiados dos 35 partidos brasileiros.
Com o tempo cada vez mais apertado para coligações, Luciana Santos comparou o pleito deste ano com a Copa do Mundo. “Talvez a gente vá resolver o conjunto do nosso projeto político nos pênaltis. Não vai ser nem na prorrogação. Nem no segundo tempo nem na prorrogação, nos pênaltis”.
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, lembrou que em fevereiro deste ano, as fundações dos partidos, representantes da sociedade civil e de movimentos sociais divulgaram oficialmente um manifesto chamado “Unidade Para Reconstruir o Brasil”. PT, PCdoB, PSB, PDT e Psol definiram a atuação conjunta na luta contra ameaças à soberania nacional, à perda de direitos dos cidadãos e na proteção à democracia.
Segundo Gleisi, já existe uma frente política formada pelos partidos e que caminharão juntos sem agressões durante os debates pela convivência “de longa data” entre as agremiações. “Nós temos convergências muito grandes no que pensamos sobre desenvolvimento nacional. Então, se não for possível estarmos (juntos) no primeiro (turno), no segundo com certeza estaremos e disputaremos a presidência da República”, disse.
O caminho do PSB foi reforçado pelo presidente Carlos Siqueira, que levantou três cenários em que o partido estaria inserido. A primeira que foi ter uma candidatura própria, que foi o ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, que não decolou. A segunda “pode ser apoiar um candidato das forças de esquerda (e) centro-esquerda que tem nosso país e que aqui estão representadas”.
A terceira via apontada por Siqueira foi não fazer coligação formal com ninguém, mas “ter uma clara posição política do nosso rumo, porque isto nós não podemos desrespeitar porque é uma decisão do congresso (do partido)”.
O prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para publicação de edital dos pedidos de registro dos candidatos apresentados pelos partidos políticos vai até 15 de agosto. Mesmo diante do prazo final muito próximo e sem a definição de alianças fechadas, o presidente do PDT, Carlos Lupi, manteve o tom bem-humorado.
“Aqui vocês estão vendo quatro partidos coirmãos. Quando vai desfilar escola de samba no Rio (de Janeiro) passa uma escola ‘é a coirmã Mangueira, é a coirmã Salgueiro’. Depois, no desfile da campeã todo mundo participa. Qualquer que ganhe a eleição a gente vai estar junto”, brincou.
Mesmo sem a indicação de um vice na chapa, o PDT homologou a candidatura de Ciro Gomes ao Planalto em julho. A sigla deve manter o nome do ex-ministro de Lula na corrida presidencial.
Na eleição deste ano, oito vagas serão preenchidas: presidente e vice-presidente da República, governador e vice-governador, além de duas para senador, uma para deputado federal e uma para deputado estadual (ou distrital, no caso do DF).
PCdoB com Manuela D’Ávila
Com a presença confirmada da pré-candidata à Presidência, Manuela D’Avila, o PCdoB realiza sua convenção nacional nesta quarta-feira (1º), na Câmara dos Deputados. Parlamentares, lideranças dos movimentos sociais e Flavio Dino, governador do Maranhão, estarão reunidos para definir a posição do partido para o pleito de 2018.