Nas redes sociais, candidato do PSL desmentiu seu coordenador econômico Paulo Guedes e afirmou que seu plano é redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações
por redação RBA
O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) desmentiu seu provável ministro da Fazenda caso eleito, Paulo Guedes, e negou na noite de ontem (19) que pretenda criar um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). No entanto, Bolsonaro não disse nada sobre a proposta de aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a alíquota dos que ganham mais, criando uma taxa única de 20% para todas as pessoas físicas ou jurídicas. Na prática, um trabalhador que hoje recebe um salário mínimo, atualmente em R$ 954, teria de recolher R$ 190,80 para o governo federal.
“Nossa equipe econômica trabalha para redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações. Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente. Esse é o Brasil que queremos”, escreveu o candidato. “Ignorem essas notícias mal intencionadas dizendo que pretendermos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico, pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso. Boa noite a todos”, completou.
A proposta não consta do programa de governo de Bolsonaro. Guedes a apresentou em encontro de empresários organizado pela GPS Investimentos, especialista em gestão de grandes fortunas. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Considerando o sistema atual, seriam extintas as alíquotas de 7,5% e 15% aplicadas a quem ganha até R$ 3.751,05. Todos passariam a ter 20% de seus salários brutos descontados mensalmente. Da mesma forma, quem ganha salários maiores – e que tem descontado até 27,5% a título de imposto de renda – teria a alíquota do imposto reduzida para 20%.
As empresas teriam a mesma alíquota. Além disso, seria eliminada a contribuição patronal para a Previdência Social, aplicada sobre a folha de salarial, e que atualmente tem a mesma alíquota de 20%. Para o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, a proposta vai prejudicar a população de baixa renda em benefício dos mais ricos. “É totalmente injusto. Ela devia ser maior para quem ganha mais. A sociedade não tem o mesmo padrão de renda, cobrar a mesma alíquota é penalizar os mais pobres”, afirmou.
Os demais candidatos criticaram as propostas do economista de Bolsonaro. Cumprindo agenda nessa quarta-feira em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o candidato do PT, Fernando Haddad, considerou desastrosa a proposta de unificar a tarifa de imposto de renda em 20%. “É um pequeno desastre. Um desastre porque vai fazer pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais. Como se pobre tivesse dinheiro para pagar mais imposto do que já paga”, disse. O petista afirmou que, se eleito, não pretende recriar a CPMF.
Ciro Gomes, candidato do PDT, chamou a proposta de “fascista”. E defendeu uma reforma tributária que torne o sistema brasileiro progressivo, cobrando menos de quem pode pagar menos e mais de quem pode pagar mais. “O que o ‘posto Ipiranga’ do Bolsonaro está propondo é o inverso: propõe pegar as pessoas que pagam hoje 7,5% ou 10% de IR e passar a pagar 20%. E as pessoas que ganham mais, e deveriam pagar um pouco mais, e só pagam 27,5%, pagar 20%. Ou seja, está fazendo o oposto, que é a cara do fascismo”, afirmou, em evento com sindicalistas.
Nas redes sociais, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, insinuou que o candidato do PSL esconde um “pacote de maldades” contra a população. “A proposta de Bolsonaro e Paulo Guedes é atrasada e cruel. Além da absurda volta da CPMF, querem fazer quem ganha menos pagar mais imposto de renda. O candidato está infeliz porque seu pacote de maldades foi revelado. O que mais será que ele esconde?”, questionou.