“A polarização que tinha antes, entre PT e PSDB, se rompeu”, diz Maria do Socorro Sousa Braga. Em São Paulo, voto útil e indecisos levaram Marcio França ao segundo turno contra João Doria
por Eduardo Maretti, da RBA
Apesar do número de votos de Bolsonaroter sido maior do que o esperado, a eleição à Presidência da República chegou ao resultado apontado pelas pesquisas, com a “polarização” entre a extrema-direita, representada pelo candidato do PSL, e a centro-esquerda, com Fernando Haddad (PT).
Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos, a votação recebida por Bolsonaro acima do que as pesquisas indicavam mostra como o país está dividido. “Mas a polarização que tinha antes, entre PT e PSDB, se rompeu. O PSDB foi um dos partidos que mais saiu perdendo na eleição”, diz.
Geraldo Alckmin ficou abaixo de 5% na votação. Ele teve 4,78% dos votos válidos, pouco mais de 2% acima de João Amoêdo (Novo), que obteve 2,52%.
“Já o PT conseguiu ir ao segundo turno contra um candidato que não tem grande estrutura partidária, pois é de um partido nanico, mas conseguiu apoio de lideranças de outros partidos.” O Partido Novo e o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, são exemplos desse movimento pró-Bolsonaro.
A analista considera até certo ponto surpreendente a militância bolsonarista nas ruas, em contraposição à mobilização pequena dos petistas, como sempre foi a sua tradição. “A impressão é de que estavam mais preocupados com as possibilidades de Haddad ir ou não ao segundo turno.”
Aparentemente, Bolsonaro seguirá apoiado pelos partidos que já o apoiaram no primeiro turno. “Agora é Haddad que tem que fazer o trabalho de atrair os partidos e eleitores do campo progressista que votaram em Ciro, Boulos, além de PSB e parcela do PSDB. São essas forças que eu penso que vão se unir na tentativa de segurar os ânimos bolsonaristas.”
Após a confirmação do segundo turno, Haddad disse que Ciro Gomes foi um dos candidatos deste primeiro turno que ligaram para ele. O petista também falou com Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol).
São Paulo
No maior estado da federação, observa a professora da Ufscar, deu-se uma surpresa com a ida de Márcio França (PSB) ao segundo turno, para disputar com João Doria (PSDB). As pesquisas indicavam que o adversário de Doria seria Paulo Skaf (MDB). “Elas não conseguiram identificar antes. Provavelmente foi resultado do voto útil. Várias pessoas deixaram de votar nos seus candidatos preferenciais e votaram no França.”
Para ela. O voto do indeciso de última hora também pode ter pesado a favor do atual governador de São Paulo. “Esses indecisos, em cima da hora, deram um voto de confiança ao França e tiraram o Skaf.”