Movimentos de extrema-direita marcaram ato para provocar estudantes que não concordam com ideias extremistas do presidente eleito. Diretoria da FFLCH fechou os portões apenas para alunos
por Redação RBA
O dia na Universidade de São Paulo (USP) amanheceu com expectativa e tensão. Após ameaças de realização de um ato no campus, para comemorar a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) e provocar opositores, os portões da instituição foram fechados, com permissão de acesso apenas para alunos. Também foi programado um ato antifascista, que superou em muito o número de provocadores.
O ato, convocado por um grupo ligado à facção conservadora Movimento Brasil Livre (MBL), pretendia sair da Escola Politécnica, que reúne cursos de Engenharia, e ir até a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que concentra maior número de alunos afinados com o campo democrático. Entretanto, o plano deles foi frustrado.
A diretoria da FFLCH pediu reforço policial, que barrou a entrada na universidade pessoas que não fossem alunos. O resultado foi que a marcha da extrema-direita reuniu número reduzido de pessoas. Do outro lado, antifascistas, especialmente de estudantes das ciências humanas, se reuniram em grande número no prédio da FFLCH para defendê-la de qualquer possível ato de vandalismo.
A diretora da faculdade, Maria Miranda do Nascimento Arruda, se manifestou pedindo “tranquilidade” em momento tão difícil do país. “A diretoria está em contato com a reitoria que prontamente nos atendeu para evitar todas as formas de provocação nos nossos espaços. Quero dizer também que esta direção tem conhecimento destas notícias há mais de um dia. Ontem, me dirigi ao senhor reitor contando o que poderia acontecer. Hoje, ele já tinha tomado as providências”, disse.
“A direção está acompanhando todas as notícias e sabe que a reitoria da USP está absolutamente na resolução dessas questões. Nós não temos nada a temer, tampouco devemos aceitar provocações de pessoas externas da nossa comunidade. Temos nossa identidade e não cabe, de maneira nenhuma, aceitar qualquer tipo de violação aos nossos princípios. Não vamos aceitar, vamos nos proteger e proteger nossos prédios que é nosso patrimônio e nos oferece condições de continuarmos defendendo nossos princípios”, completou a diretora.
As precauções foram necessárias devido ao teor da convocação do ato dos bolsonaristas. “Dada a vitória de Jair Bolsonaro, convidamos você a participar da marcha da vitória e um circuíto de natação nas lágrimas da esquerda (…) Vai ter arma para o cidadão de bem sim! Vai ter menor em Pedrinhas sim!!!”, afirmam. Nos comentários, ofensas e promessas de que a PM estaria do lado deles para ajudá-los.
O Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais (Ceupes) Ísis Dias de Oliveira, que convocou o ato antifascista com grande número de alunos, disse em nota: “Temos ideias e argumentos para combater ideais fascistas como as pregadas por Bolsonaro e seus seguidores. Vai ter resistência”.
Brasília
Na capital, o cenário foi similar. Na Universidade de Brasília (UnB), pessoas ligadas à extrema-direita tentaram invadir o campus em um ato supostamente em defesa da “família”. Ao chegarem no local, estudantes antifascistas os impediram de entrar. Novamente, eram em número muito superior. Após um início de tumultuo e de agressões por parte dos apoiadores de Bolsonaro, eles foram finalmente expulsos.