ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Alepa realiza Sessão Solene em homenagem a Paulo Fonteles Filho
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) realizou nesta segunda-feira, (12/11), uma sessão solene em homenagem ao ex-vereador de Belém e militante de direitos humanos Paulo Fonteles Filho, pela passagem de um ano de sua morte. A Sessão Solene foi realizada...
Criminalizar os movimentos sociais é destruir os pilares da democracia
Defesa dos movimentos sociais deve ser um compromisso de todos aqueles que se preocupam com as liberdades democráticas e o futuro do nosso povo por Guilherme Boulos A crise mais profunda da nossa jovem e frágil democracia teve como desfecho a eleição de um...
MEMÓRIA: “O fascismo se perpetua pelo esquecimento”, afirma ex-preso político
Memória, verdade e, principalmente, justiça são fundamentais para que erros históricos não sejam repetidos Leonardo Fernandes Já se passaram quase 50 anos desde que Ivan Seixas, 63, foi preso junto ao pai e torturado durante mais de dois dias por agentes da...
Anistia Internacional divulga nesta quarta novo relatório sobre investigação do caso Marielle
Organização denuncia a falta de respostas razoáveis por parte das autoridades públicas frente à gravidade do caso e das informações já divulgadas relacionadas ao assassinato. Por G1 Rio Oito meses depois do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a...
LIBERDADE DE ENSINAR: Plenário do STF marca dia para julgar versão do ‘Escola sem Partido’
Sessão que vai apreciar projeto estadual da Lei da Mordaça, implantado em Alagoas, está prevista para o dia 28 de novembro por Eduardo Maretti, da RBA Incluído há dois meses no calendário de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Dias...
Sob protestos, deputados tentam agilizar “Escola sem Partido”; oposição ganha tempo
Sessão ocorreu sob intenso embate entre defensores e apoiadores do PL, que é patrocinado pela bancada conservadora Cristiane Sampaio Em nova sessão realizada nesta terça-feira (13), a comissão legislativa da Câmara dos Deputados que avalia o Projeto de Lei...
JORNALISTAS LIVRES: 3 em cada 4 novos empregos são informais
"Novos" ocupados ganham menos da metade da média geral por Cesar Locatelli O boletim Emprego em Pauta, do Dieese, com base em dados do IBGE, revela que: 1 O Brasil tinha 90,6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores no primeiro trimestre de 2018. 2 No segundo...
Vanessa diz que Bolsonaro cria ‘cortina de fumaça’ para esconder pauta de retrocesso
Em discurso na tribuna durante sessão plenária, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criticou as declarações Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito, e de seus assessores que, segundo ela, fazem “diversionismo proposital” para tirar a atenção da verdadeira...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.