ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Com grande articulação do PCdoB, oposição sepulta MP do saneamento
A terça-feira (13) foi marcada por demonstração de força da Oposição sobre o Planalto. Em pauta, a Medida Provisória 844 que nem sequer foi lida em Plenário. A medida tratava da privatização do saneamento básico. No começo da noite, deputados do PCdoB, principais...
RESISTÊNCIA: Movimentos populares convocam militância para solidariedade a Lula
Militantes acompanharão depoimento do ex-presidente em frente à Justiça Federal do Paraná Lia Bianchini Há 221 dias, manifestantes mantêm a Vigília Lula Livre em frente à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, denunciando a prisão política do...
Comissão na Câmara Federal quer auditoria do TCU no licenciamento da Hydro em Barcarena, no PA
O relatório apresentado pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL) foi aprovado nesta terça, 13, em Brasília, e aponta falhas da multinacional norueguesa nas operações no estado. Por G1 PA — Belém A Comissão na Câmara Federal, em Brasília, que acompanhou investigações...
Detentos protestam contra cumprimento de medidas disciplinares no presídio de Marituba
Segundo a Susipe, detentos protestaram por conta da transferência de presos para outras unidades prisionais, após tumulto registrado no dia anterior. Por G1 PA — Belém Detentos do Presídio Estadual Metropolitano III (PEM III), no Complexo Penitenciário de Marituba, na...
BR-155 em Eldorado dos Carajás permanece interditada por manifestantes
Segue interditada por manisfestantes a rodovia BR-155, na altura do quilômetro 100, em Eldorado dos Carajás, sudeste paraense. Segundo informações da Policia Rodoviária Federal, na manhã desta quarta-feira (14), o grupo está ocupando rodovia desde da última...
Chutou o balde: péssimo atendimento faz paciente causar pânico no Ipamb
Um paciente não identificado causou pânico no Instituto de Previdência e Assistência de Belém (Ipamb), na manhã desta quarta-feira (14), após ficar revoltado com a demora no atendimento para o filho e chutar uma lixeira. Muitas pessoas que aguardavam no local...
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TSE encontra 17 indícios de irregularidade na campanha de Bolsonaro
Presidente eleito tem três dias para apresentar documentação que refute inconsistências Redação Nesta segunda-feira (12), a área técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresentou uma análise preliminar da prestação de contas da campanha de Jair Bolsonaro...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.