ESPECIAL: PAULO FONTELES SEM PONTO FINAL
Este livro-reportagem de Ismael Machado é um reencontro vivo e impactante com a memória desse exemplar militante comunista, exultante e abnegado defensor do povo pobre da vasta região amazônica, estendida ao estado do Pará. A obra descreve com precisão como o apropriadamente qualificado “advogado do mato” foi morto pela execução de um “crime bem planejado”, realizado por profissionais que vivem desse macabro mister, sustentados mediante paga de manda-chuvas do latifúndio, verdadeiros donos do poder na região.
Renato Rabelo
Alepa entrega Medalha Paulo Frota e lança campanha contra estupro de vulnerável
Maria do Socorro, da Cainquiama, receberá a medalha. No próximo dia 13 de dezembro, a Assembleia Legislativa do Pará realiza a cerimônia de entrega da Medalha Paulo Frota de Direitos Humanos. Este ano, a medalha será entregue a 37 entidades, coletivos e...
Pelicano, hoje no Bom Dia (SP)
Haddad critica submissão de Bolsonaro a Trump: ‘acoplamento cego’
Ex-prefeito de São Paulo está nos Estados Unidos para lançamento de uma coalizão internacional progressista por Redação RBA O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) criticou a submissão do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) às ideias do líder americano...
Bolsonaro se coloca a serviço de Trump contra os governos populares
O encontro que John Bolton, conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, terá com o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, dia 29 de novembro, sinaliza uma nova etapa da política externa dos Estados Unidos na América Latina. Por Marco Weissheimer,...
Taxa de desemprego diminui, mas aumenta o número de trabalhadores sem direitos
Em outubro, país teve 11,6 milhões de trabalhadores sem direitos trabalhistas, um aumento de 5,9% em comparação com o mesmo período em 2017 por Redação RBA O número de trabalhadores sem carteira assinada ou obrigados a trabalhar por conta própria não para de...
PETROBRAS: PL que vende nova fatia do pré-sal é alvo de costura entre Temer e Bolsonaro
Especialistas destacam que petróleo brasileiro tem destaque na geopolítica mundial Cristiane Sampaio Alvo de destaque na cartilha neoliberal, o pré-sal brasileiro está na mira de parlamentares e multinacionais por meio de diferentes iniciativas. A bola da vez é...
ENTREVISTA: Araquém Alcântara – “O Mais Médicos é um programa revolucionário”
Fotógrafo percorreu 38 cidades de 20 estados do país para capturar a dimensão humana no atendimento dos médicos cubanos Lu Sudré “Os cubanos demonstraram um novo modo de praticar medicina”. Essa afirmação é de alguém que acompanhou de perto o Programa Mais Médicos nas...
Pais e alunos repudiam censura em escolas de Minas
Ministério Público Estadual toma posição a favor da liberdade de ensino por Aloisio Morais Poucas horas após o Ministério Público de Minas Gerais soltar nota na quarta-feira, 28, em defesa da liberdade de ensino e, portanto, contra a chamada ‘escola sem partido’,...
O livro de uma vida
Foram oito dias percorrendo as rodovias do sul e sudeste do Pará. Marabá, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Conceição do Araguaia, Rio Maria e Xinguara. Eu, Paulo Fonteles Filho e o motorista Rubens. A ideia era encontrar pessoas que conviveram diretamente com Paulo Fonteles, no período em que ele era conhecido como ‘advogado do mato’ por defender posseiros e lavradores contra desmandos do latifúndio em plena ditadura militar.
Estar nessa região não é exatamente uma novidade, mas a cada vez há coisas a levar como aprendizado, experiência, exemplo. A missão nossa era coletar depoimentos para o livro que estou escrevendo sobre a vida de Paulo Fonteles, cujo assassinato completa 30 anos em junho próximo. Faz parte das atividades que o Instituto que leva o nome do ex-deputado está preparando para lembrar Fonteles.
É um privilégio e uma responsabilidade fazer parte disso. Nos caminhos encontramos com personagens admiráveis como Davi dos Perdidos, Luzia Canuto, Zé Polícia, Zé da Paula, Edna dos Perdidos, Maria Oneide, João de Deus. Tantos que ajudaram a construir essa história heroica, mas repleta de sangue dessa parte relegada do Brasil.
Descubro com mais clareza que os camponeses reagiram à altura também aos ataques de pistoleiros. A resistência armada foi real e significou mais uma das tantas guerras perdidas do Brasil, como bem relatou algumas o jornalista Leonencio Nossa, em uma bonita série de reportagens anos atrás.
Numa dessas noites, regada a carne de carneiro na casa de Zé da Paula, eu escutava, embevecido, as histórias desses homens e mulheres já na casa dos 70 anos, lembrando as histórias dos acampamentos que se tornaram hoje assentamentos produtivos, tantos anos depois. Zé da Paula e Valdemir contando como tiveram que sair da região e passar alguns anos fora por conta de ameaças sofridas. Entre risos, cervejas, cachaça, churrasco, as memórias afloravam. Eu olhava algumas fotos antigas, como a da musa de todos, Lu, uma jovem bonita, filha de uma das famílias mais ricas de Minas Gerais e com espírito comunista. Lu criou um bar de MPB numa Conceição do Araguaia que efervescia. Olho a foto dela na beira do rio sorrindo e depois olho para uma foto dela atual, com quase 80 anos, convivendo com o mal de Parkinson.
Comparar essas duas fotos foi para mim um dos momentos mais tocantes dessa viagem, pois me fez pensar em trajetórias de vida, principalmente quando a vida se torna algo mais rico do que qualquer outra experiência.
Estar com essas pessoas, ouvir o que elas têm pra dizer, é uma experiência que gostaria muito que os que pensam nesse muro de ódio e preconceito a dividir o Brasil, pudessem ter a oportunidade de presenciar.
A história foi vivida por essas pessoas. Algumas não sobreviveram para contá-la, mas os que resistiram podem dizer como Davi dos Perdidos. “Eu venci, pois diziam que eu ia morrer de morte matada. Não conseguiram”.