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Processos envolviam sequestros, mortes e tortura de mais de 700 vítimas. Ex-general foi condenado por 656 casos de tortura em La Perla-La Ribera.

Um tribunal argentino condenou, nesta quinta-feira (25), à prisão perpétua 28 acusados, entre eles o ex-general Luciano Menéndez, que soma 14 vereditos pelos crimes cometidos em La Perla, um emblemático centro de detenção clandestino na província de Córdoba durante a ditadura (1976-193).

Menéndez, ex-chefe do Terceiro Corpo do Exército (centro do país), foi considerado culpado por 82 desaparecimentos de pessoas no campo de concentração La Perla-La Ribera, além de 52 homicídios, 260 sequestros e 656 casos de tortura.

No processo foram imputadas 43 pessoas por sequestros, torturas, roubo de menores e assassinatos contra mais de 700 vítimas, 279 delas ainda desaparecidas.

Dez acusados receberam penas entre dois anos e seis meses e 21 anos de prisão. Cinco foram absolvidos, onze dos culpados morreram desde que a causa foi iniciada em 2012 e quatro foram declarados incapazes.

Durante o julgamento, 600 pessoas foram escutadas e trouxeram à tona os crimes cometidos nos centros “La Perla”, La Ribera e no Departamento de Informações da Polícia de Córdoba (D2).

Manifestantes protestam do lado de fora da Corte Federal de Córdoba, na Argentina, na quinta (25), durante julgamento de militares envolvidos em crimes na ditadura (Foto: Laura Lescano/TELAM AFP/AFP)
Manifestantes protestam do lado de fora da Corte Federal de Córdoba, na Argentina, na quinta (25), durante julgamento de militares envolvidos em crimes na ditadura (Foto: Laura Lescano/TELAM AFP/AFP)

Milhares de pessoas se reuniram nas porta do tribunal de Córdoba, 700 km ao norte de Buenos Aires, à espera da leitura da sentença em um caso emblemático de terrorismo de Estado no país.

Menéndez, 89 anos, apelidado de “La Hiena”, é o militar que concentra o maior número de sentenças, das quais 12 são de prisão perpétua por crimes cometidos durante a ditadura, que deixou 30 mil desaparecidos, segundo instituições de direitos humanos.

Entre 1975 e 1979, o militar destituído esteve à frente do III Corpo do Exército, uma estratégica unidade militar com sede em Córdoba, área de forte desenvolvimento industrial e local de emblemáticas lutas sindicais nas décadas de 1960 e 1970, e que abarca o noroeste do país.

Menéndez nunca mostrou arrependimento e dias atrás afirmou diante do tribunal que “não houve repressão ilegal alguma”.

“Os delinquentes acusam as forças legais e se apresentam à justiça dizendo que são vítimas”, afirmou. Nesta quinta-feira escutou sua sentença junto ao resto dos acusados.

Representantes de organismos defensores dos direitos humanos presenciaram a leitura, entre eles a titular das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto.

Também esteve presente o governador da província, Juan Schiaretti, junto a Sonia Torres, presidente das Avós de Córdoba, cuja filha deu à luz no centro clandestino de La Perla.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/08/corte-argentina-sentencia-28-a-prisao-perpetua-por-crimes-da-ditadura.html