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Por Paulo Fonteles Filho

Na miríade das aberrações tucanas da campanha eleitoral em Belém – dentre elas a acusação de praticar e se beneficiar de conduta ilícita para garantir votos, fato que lhe rendeu cassação do registro de candidatura por decisão do Juiz Antônio Cláudio Cruz, da 97ª Zona Eleitoral – a mais nova e inusitada foi à manifestação de apoio de uma das maiores aberrações da política brasileira, o deputado fascista Jair Bolsonaro (PSC/RJ).

Em vídeo tremido, colérico, cujo apresentador é nada mais, nada menos que Wladimir Costa, também conhecido pela alcunha de “Zé do Confete”, tal a forma dantesca como se comportou na fatídica noite em que se votou, na Câmara dos Deputados, pela destituição do mandato de Dilma Roussef, abrindo assim o caminho do golpe na democracia brasileira, da liquidação dos direitos históricos da classe trabalhadora e a entrega do pré-sal para os yankees.

O fato é que o histriônico e presepeiro deputado paraense, mais sujo que estrume processado, em pleno Salão Verde – espaço onde os grandes temas nacionais são anunciados ao povo brasileiro – consegue um tosco depoimento bolsonazi.

Uma das principais agressões à candidatura de Edmilson – um humanista, amante das artes e dos livros – está no fato que desde tenra idade, bem moço, ainda em tempos de repressão política e de censura, nosso “jardineiro” – segundo a definição do professor de muitas gerações, Paulo Nunes – tem se dedicado a luta pela democracia, na defesa dos trabalhadores e de uma Belém voltada aos que mais precisam dela, ou seja, seu povo mais humilde e oprimido, cujo direito à cidade é negado olimpicamente pelos atuais ocupantes do Palácio Antônio Lemos.

A aparição do deputado carioca – capitão aposentado da ditadura militar – e um dos maiores criminosos políticos da história do Brasil, reforça, dentro da gente, a necessidade de retesar o coração e a consciência no sentido da mudança, diante da acirrada disputa em curso.

Mas, curiosamente, alguns aspectos ligam Jair Bolsonaro e Zenaldo Coutinho: ambos foram paridos em tempos sombrios, no militarismo e na defesa da tortura e são contumazes na prática do nepotismo. Aliás, já esquecemos que o atual alcaide foi ungido da juventude de Jarbas Passarinho e dentro da “Despertar” – versão juvenil do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) – distribuía porretadas na UFPa, ao lado de Babalú, seu capitão-do-mato de então?

Quanto ao nepotismo é só vermos o desembaraço com que o “primeiro-irmão” de Belém, Guto Coutinho, toca os negócios da prefeitura e está sendo acusado, nesta contenda política, de descarada compra de votos. No caso de Bolsonaro, denúncia da Folha de São Paulo de 31/08/2003 não nos deixa mentir.

Aliás, outros aspectos comungam juntos: a misoginia.

Os misóginos são aqueles infames que têm ódio, desprezo ou preconceito contra as mulheres. Bolsonaro, mais radical, defende a cultura do estupro – cujo crime é acusado na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados – enquanto que Zenaldo Coutinho revelou profundo desprezo com nossas mulheres, na medida em que deixou de construir creches e liquidou com as políticas públicas de gênero em Belém, uma forma de violência simbólica que precisa ser denunciada e combatida.

Ademais, no vídeo, Bolsonaro justifica o apoio ao Pinóquio de Belém enlameado em teses racistas e homofóbicas, próprias da violência e intolerância que se espraiam no seio da sociedade brasileira, sinalizando tempos difíceis que nos exigirá muita clareza política, convicção e fé na luta do povo.

Por fim, a pergunta que palpita e se recusa a calar: quem será o próximo apoiador de Zenaldo, o Satanás?

FONTE: http://paulofontelesfilho.blogspot.com.br/2016/10/bolsonaro-e-zenaldo-quem-sao-os.html