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por Paulo Emman

“Já começamos dando trabalho pros “homi”

Assim se inicia a história da primeira charge publicada no mundo, em litografia, feita pelo francês Daumier em 1873. Uma crítica a monarquia do imperador Gargântua e a sociedade que explorava a população, o que lhe proporcionou ir para prisão por três meses.

A charge tem por função a crítica social, o confronto. É o editorial mais autêntico num veículo de imprensa, e por muitos anos, o espaço nobre dos jornais. O que os jornais publicam no noticiário, a charge realiza num único desenho, daí, tal sua importância e imponência num veículo de comunicação. Isso, levou a direção do gigante New York times a fazer uma declaração inusitada: “Não podemos ter um chargista fixo. Não podemos editar uma charge, logo não podemos dar tanto poder nas mãos de um único homem.”

A charge no decorrer da história vem tendo embates com o sistema de uma forma visceral. Muitos chargistas foram perseguidos pelo exercício da profissão. Na ditadura militar brasileira , os chargistas foram censurados e perseguidos. O cartunista carioca Jaguar, um dos editores do lendário tablóide “O Pasquim”. “convidado” para depor no DOPS, ouviu essa frase de um general: Senhor Jaguar, o sr. ainda fazendo garatujas??”

O Estado Iraniano esmagou as mãos de um chargistas em 2010 e toda essa repressão teve seu ápice que culminou no assassinato de quase toda redação do jornal satírico de charges Charliehebdo, em 2015, que no ultimo dia 07 de janeiro completou dois anos do ataque terrorista, onde, no grupo, estavam três importantes cartunistas franceses, dentre os quais, o genial Wolinski.

Desde a época do regime militar entrando nos anos 80 e 90, o chargista brasileiro foi se confrontando com a realidade da imprensa e do capitalismo tupiniquim. A charge na imprensa, ainda tendo importância passou a ser vista como um perigo aos acordos comerciais da empresa e passou a ser controlada. Mais que controlada, o chargista brasileiro adquiriu o hábito da autocensura, ou seja, sabia o que podia ou o que não podia fazer, simplesmente por que isso lhe garantiria o emprego.

Os tempos mudaram, os veículos mudaram e novamente a charge ganha um novo canal de comunicação onde os chargistas podem exercer livremente sua profissão, que são as redes sociais. A dita grande imprensa, já nem tão grande assim vai demitindo um por um e cada vez mais essa arte é muito pouco valorizada nos jornais e totalmente sob o controle do patrão. Raros são os que ousam e tem liberdade para confrontar o sistema.

Viva dia 07 de janeiro, promulgado Dia Mundial do Chargista em Defesa dos Direitos Humanos.