Na manhã desta segunda-feira, 05 de junho, os deputados estaduais Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará, e Lélio Costa (PcdoB), membro titular da mesma Comissão, receberam uma Comissão Externa da Câmara dos Deputados para prestar informações sobre a diligência nos municípios de Redenção e de Pau D’Arco, onde ocorreram dez mortes de trabalhadores rurais na Fazenda Santa Lúcia, no último dia 24 de maio.
Ainda no início da reunião, realizada na sala dos ex-presidentes da Alepa, o deputado federal Éder Mauro começou a atacar diretamente o deputado estadual Carlos Bordalo, dizendo que o relatório era “fantasioso”. Diante do clima hostil, o deputado Carlos Bordalo informou à deputada federal Elcione Barbalho (PMDB), que estava presidindo a reunião, que iria se retirar e que estaria à disposição para prestar as informações solicitadas em seu gabinete. Neste momento, Eder Mauro começou a gritar, chamando o deputado Bordalo de “bandido” e ”covarde”, entre outras agressões verbais, e partiu para a agressão física, chegando a empurrar o deputado Bordalo, como foi registrado em vídeo pelos presentes. Após o tumulto, a reunião teve prosseguimento, sendo o relatório apresentado pelo deputado estadual Lélio Costa.
O deputado Carlos Bordalo se pronunciou diante do ocorrido: “Infelizmente assistimos a mais este lamentável episódio em nosso Estado. Desde o início da reunião, o deputado Eder Mauro se comportou de uma forma completamente inapropriada, despropositada, gritando comigo. Eu disse à deputada Elcione que, diante dessa situação, eu me retiraria. As imagens falam por si. Eu fui andando e sendo agredido, empurrado, achincalhado pelo deputado Eder Mauro”, afirma. “Ficou claro que o deputado não queria ouvir o depoimento, mas sim desqualificar o trabalho dos três deputados que foram até o município. Com gritos e intimidações, numa atitude que não condiz com um mandato parlamentar, o deputado federal impediu a minha fala durante a reunião. Desta forma, decidi me retirar e, por isso, sofri agressão física, aos gritos de ‘covarde’ e ‘bandido’. Um fato realmente lamentável”.
Para o deputado estadual, o momento atual requer serenidade para a apuração rigorosa dos fatos ocorridos em Pau D’Arco. “Não estou de jeito algum condenando antecipadamente alguém, mas apresentando elementos recolhidos de provas testemunhais de sobreviventes, pessoas que estavam na hora do ocorrido. Diante desses depoimentos, formamos uma convicção que somente as investigações irão confirmar ou não: houve de tudo na Fazenda Santa Lúcia, menos confronto. Se isso não é verdade, alguém tem que provar, mas tudo que veio à tona, a forma como foi tratada a cena do crime, a retirada dos corpos, o tratamento dos corpos, tudo sinaliza que ali não houve confronto”, reforça.
Nesta terça-feira (06), o deputado Carlos Bordalo irá apresentar um projeto de lei estabelecendo que ações de reintegração de posse ou cumprimento de mandado em área de conflito sejam acompanhadas pelo Ministério Público Estadual, para garantir que não haja versões, mas um testemunho ocular do que ocorrer. Ainda sobre a mortes de trabalhadores rurais em Pau D’Arco, Bordalo acredita que a entrada da Polícia Federal no caso é importante para garantir efetivamente a isenção nas investigações, dentro do que preconiza o Estado Democrático de Direito e o Código do Processo Penal.
Trackbacks/Pingbacks