O cenário econômico no Brasil não parece caminhar no sentido da superação da atual crise. A vida da população vem sendo marcada pela sucessiva retirada de direitos por parte dos governos, principalmente no que tange à previdência social e direitos trabalhistas. A situação é tão calamitosa que o número de desempregados segue em uma crescente: já se superou o patamar das 14 milhões de pessoas.

O aumento do desemprego agrava os problemas de moradia no país, não obstante a intensificação dos movimentos de ocupação de prédios e terrenos, e crescimento da população em situação de rua. Contudo, tanto o governo de Temer quanto o de João Doria não parecem dispostos a sanar parte de tal crise habitacional.

Desde o início do ano, o Governo Federal tem aplicado uma política de congelamento do repasse destinado aos programas habitacionais, como é o caso do “Minha Casa Minha Vida Entidades”, sendo que o orçamento nacional de 2017 previa 35 mil moradias populares. Atualmente, tramita no Congresso Nacional a proposta de orçamento para 2018. O compromisso de Temer com os brasileiros é tanto que planeja destinar zero reais ao programa “Moradia Digna”.

Em São Paulo, a prefeitura de João Doria já demonstrou sua disposição em debater o déficit habitacional de 4 milhões: empregou uma política de construção inversa e também reduziu os projetos de moradia a zero.

Nesse cenário de desmonte das políticas públicas e crise econômica, a força dos setor imobiliário sobre os rumos do crescimento da cidade de São Paulo é absurda. Haja vista que enquanto especulam sobre seus terrenos vazios, empurram quem não tem dinheiro para a marginalidade.

A desigualdade no espaço urbano sempre obedeceu ao mercado, por isso a ocupação “Povo sem Medo” do MTST em São Bernardo é um dos exemplos a ser replicado em todo o país. O movimento ocupou um terreno que estava vazio há 30 anos e já conta com 7 mil famílias no local. Enquanto não tivermos políticas públicas que atendam ao desenvolvimento urbano de toda a cidade, o papel que cumpre os movimentos por moradia é determinante, pois só a luta coletiva é capaz de arrancar vitórias.

A vitória da Ocupação Povo sem Medo é atualmente o principal pólo de resistência política no país. Sua vitória é fundamental para todos os trabalhadores. Por isso é importante toda nossa solidariedade: moções de apoio, visitas, menções e doações de alimentos, água e roupas para os ocupantes. Enquanto morar for um privilégio, ocupar é nosso dever.

FONTE: http://midianinja.org/samiabonfim/crise-e-luta-o-povo-sem-medo-mostra-o-caminho-por-samia-bomfim/