Nesta terça-feira (20), as fundações Maurício Grabois (PCdoB), Perseu Abramo (PT), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), João Mangabeira (PSB) e Lauro Campos (Psol), realizam ato de lançamento do manifesto “Unidade para reconstruir o Brasil”, na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao Portal Vermelho, Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois, falou como foi o processo de construção desse documento e a sua importância para o pais.
“Essa é uma iniciativa pioneira. Nós nunca conseguimos no Brasil reunir cinco organizações de esquerda”, salientou Renato, ao destacar a necessidade de criar as condições para ampliar a unidade das forças progressistas.
Renato explica que o grande desafio foi definir e elaborar um projeto nacional de desenvolvimento do país diante de uma conjuntura pós-golpe de 2016.
Ele lembra que o documento é resultado de um debate iniciado em junho de 2017, por meio de uma oficina que reuniu inicialmente três fundações: a Maurício Grabois, Perseu Abramo e Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, tendo como temas as lições dos governos Lula e Dilma, a realidade do governo pós-golpe e as alternativas para o país.
“Nós buscamos construir uma unidade em torno de ideias. Cada fundação apresentou opiniões sobre essas três questões”, relatou. “Ao discutir um projeto para o Brasil, levamos em conta qual e a situação atual, a história política brasileira, para extrair lições do passado, e o contexto mundial em que o país está inserido”. completou.
Iniciativa coletiva
Renato frisou que o manifesto é uma “inciativa comum, conjunta, com uma base programática comum”, que buscou a convergência criando um lastro programático “que pode ser muito importante para um pacto eleitoral de grande unidade, conforme a evolução da situação política”.
“Significa dizer que podemos ter um pacto eleitoral já no primeiro turno. Importância disso é que se não há esse lastro programático, as forças políticas teriam que discutir isso do zero, o que pode levar a cada uma seguir o seu caminho”, destacou.
Disse ainda que, por ser uma obra coletiva, e não de apenas um partido, e ser um esboço de projeto, o manifesto tem condições de atrair mais gente. “Isso é fudamental porque para ampliar a unidade é preciso uma obra coletiva para atrair mais gente, mais ideias e opiniões. Isso é importante para que se tenha um lastro programático, uma luta concreta, o que facilita a unidade. Uma unidade fora da luta se torna muito difícil”, ressaltou.
A busca por alternativa, diante de um cenário de retrocessos e incertezas, foi um dos pontos de convergência que promoveram a aproximação das fundações. Renato salienta que estabelecer uma base programática convergente foi o principal desafio ao longo do debate.
“Sem uma base convergente é muito difícil. Acaba por explorar somente as divergências. Buscamos o que nos converge numa base mínima programática. Portanto, esse é o começo do diálogo, o que representa um avanço, pois não havia diálogo e nem sabíamos por onde começar.”
Projeto sistêmico e articulado
Renato reforça que o manifesto não pretende ser puramente conjuntural. “É um documento que busca as questões estruturais e estratégicas. O projeto é sistêmico e articulado, integrado de seus componentes, tendo um centro convergente: os grandes desafios nacionais”, afirmou.
De acordo com ele, ao conceber o projeto nesses moldes, a proposta foge da tendência voluntarista e imediatista “que leva a se fixar no círculo vicioso recorrente do setorialismo fragmentado do curto prazismo ou absolutizar a conjuntura”.
“Se não tivermos um projeto sistêmico e articulado com os desafios do país, ficamos sem ter o instrumento de como enfrentar os desafios do país hoje”, frisa o dirigente comunista.
Ele reforça que a visão fundante proposta no manifesto é a de apresentar um projeto que articule de modo sistêmico a soberania nacional e a questão social, com enfâse na relação das desigualdades e afirmação da causa democrática.
“É um projeto de nação porque tem que ter um Estado nacional. Não é um projeto de nação em cima de uma questão apenas nacional. Não se trata apenas do conceito de nação, como etnia, língua e cultura. Mas um projeto nacional que determine que a nação precisa ter um Estado nacional soberano”, asseverou.
E conclui: “Tudo isso é um ponto de partida e não de chegada. Por isso, o documento convida outras instituições, lideranças e organizações para dialogar e debater conosco”.