Sessão especial sobre a Campanha da Fraternidade 2018 foi realizada nesta segunda-feira, 19. O tema da CF 2018 é ‘Fraternidade e Superação da Violência – Em Cristo Somos Todos Irmãos’.

Uma sessão especial sobre a Campanha da Fraternidade (CF) 2018 realizada nesta segunda-feira (19), na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), debateu o enfrentamento da violência no Pará. A CF é realizada anualmente pela Igreja Católica no Brasil e em conjunto com outras denominações cristãs, de forma ecumênica, sempre no período da Quaresma. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução.

O tema da CF 2018 é “Fraternidade e Superação da Violência – Em Cristo Somos Todos Irmãos (Mateus 23,8)”. O evento foi requerido pelo deputado estadual Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa.

“Somos uma sociedade doente e corremos o risco de nos tornarmos uma sociedade insensível”, disse na sessão o padre Bruno Secchi, representante da Arquidiocese de Belém. Ele foi um dos convidados da CDH/ Alepa.

“A Campanha da Fraternidade é sempre um momento importante de provocação e mobilização social, a partir da influência da Igreja Católica”, avaliou o deputado Carlos Bordalo. “E agora, estamos em um outro patamar do enfrentamento à violência no Brasil, com a intervenção militar no Rio de Janeiro – uma situação que pode acontecer em qualquer lugar, inclusive em nosso estado, que tem índices de violência maiores do que no Rio de Janeiro”, lamentou o parlamentar.

Bordalo lembrou que o Pará já é o estado com maior registro de assassinatos políticos. “São mortes de vereadores, de prefeitos, de lideranças da defesa dos Direitos Humanos. Temos que cobrar do governo medidas mais eficazes em políticas públicas. Não se combate a violência apenas com polícia”, destacou.

Estatísticas sangrentas

Segundo o Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Pará possui quatro dos 30 municípios mais violentos do Brasil: Altamira, Marabá, Marituba e Ananindeua. A forma e a velocidade como o crescimento econômico afeta o território é outro aspecto relevante. Por exemplo, um crescimento rápido e desordenado das cidades pode ter sérias implicações sobre o nível de criminalidade local. Foi o que aconteceu em Altamira, no rastro da construção da Usina de Belo Monte, mostra o Atlas.

Ainda segundo a pesquisa, o Brasil registrou 59.080 homicídios em 2015. Isso significa 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Apenas 2% dos municípios brasileiros (111) respondiam por metade dos casos de homicídio no país e 10% dos municípios (557) concentraram 76,5% do total de mortes.

“A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras cores, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência”, avaliou Carlos Bordalo. “A violência no Brasil ressalta o drama da juventude perdida. De um lado a perda de vidas humanas e do outro lado a falta de oportunidades educacionais e laborais que condenam os jovens a uma vida de restrição material e de anomia social, que terminam por impulsionar a criminalidade violenta”, disse.

“Enquanto no Brasil são 70% de mortes de pessoas negras, no Pará esse percentual chega a 93% de pessoas pretas, pardas e pobres”, complementou padre Bruno.

Representatividade

A sessão conseguiu reunir os principais setores que atuam no combate à violência no Pará. Estavam presentes o delegado Claudio Galeno (representante da Delegacia Geral de Polícia Civil), Cel. Emanoel Duarte (representante do Corpo de Bombeiros), Cel. Marco Antônio Rocha (representante da Polícia Militar), Delegada Silvia Rego, diretora da secretaria de segurança pública, Eugênia Fonseca (representante do PROPAZ), Juliana Fonteles (Comissão de Direitos Humanos da OAB), e representantes de pastorais da igreja.

Devido ao seu alto grau de complexidade, o tema violência foi discutido, refletido e aprofundado em um seminário realizado em dezembro de 2016, na sede da CNBB, em Brasília, e escolhido como mote da Campanha da Fraternidade 2018.

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/desafios-do-combate-a-violencia-no-para-sao-tema-de-sessao-especial-na-alepa.ghtml