Números preocupantes demonstram a falta de segurança pública. O resultado disso foram as mortes de 16 policiais em apenas dois meses. Em apenas três dias, dois agentes de segurança pública foram assassinados no Estado. Somente no mês de março, cinco policiais foram mortos.

Os mais recentes foram as morte do cabo José Antônio Pinheiro – reserva remunerada da Polícia Militar – de 64 anos, esfaqueado no sábado (24), quando estava sentado em frente de casa, no Bairro Liberdade, Núcleo Cidade Nova, em Marabá e do policial militar Valdomiro Oliveira de Barros, executado a tiros na noite desta terça-feira (27).

O acusado de matar o cabo José Antônio Pinheiro foi preso e identificado como Edir Nonato da Silva, que morava na casa da vítima e que teria deficiência mental.

Já a execução do PM Valdomiro Oliveira de Barros vai muito além do que um caso de homicídio ou latrocínio. Ele é suspeito de integrar uma milícia comandada pelo cabo Pet (executado em 2014) no Guamá, e teria participado da execução de Gleydson Gomes, de 37 anos, assassinado com 25 tiros por bandidos encapuzados na madrugada do dia 19 de janeiro de 2014, na passagem Joana Dar’c, Bairro Guamá.

A viúva e um tio da vítima acusaram inicialmente um grupo de PMs (Valdomiro era um deles) pela morte de Gleydson, entretanto, voltaram atrás às vésperas do julgamento em 2016 e inocentaram os réus ao deporem em juízo.

OMISSÃO DO GOVERNADOR VIRA ALVO DE DURAS CRÍTICAS

Ontem (27), centenas de familiares e amigos de policiais civis e militares protestaram na capital paraense contra a falta de segurança e condições de trabalho dos agentes de segurança pública.

Com faixas e cartazes nas mãos e carregando caixões, os manifestantes percorrem várias ruas de Belém pedindo justiça e fazendo duras críticas à omissão do Estado perante a tantos assassinatos.

Parlamentares fizeram duras críticas ao governo Jatene. Em entrevista à RBATV, o deputado soldado Tercio (Pros) fez um desabafo e criticou a falta de ação do governo.

“Amanhã, se morrer um vagabundo vão dizer que foi chacina. Essa é a grande verdade sobre o Pará. Então governador, acorde, saia: o senhor não serve mais. O senhor está matando os nossos policiais”, desabafa o soldado.

O vereador (PSD-PA) e sargento da Polícia Militar, Silvano Oliveira também se posicionou contra a ausência do Estado. “O crime está mandando matar policiais no Pará e o governador diz que está tudo bem”, criticou.

Segundo dados da segundo da Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (ACSPA), 34 policiais mortos em 2017, o equivalente a 3 militares mortos por mês.

Em fevereiro desse ano, o presidente da ACSPA, sargento PM Xavier, chegou a ressaltar a importância da intervenção da Força Nacional no Pará.

“Vivemos num estado de alerta, numa guerra que a polícia está saindo derrotada. É hora de o Governo reconhecer isso e pedir o apoio da Força Nacional”, concluiu o sargento PM Xavier.

Ano mal começou e os números já são alarmantes

Esse ano 6 policiais foram assassinados em janeiro no Pará. Em fevereiro e março foram registrados cinco mortes de agentes de segurança pública, respectivamente. Veja a lista de PM´s mortos em 2018:

1º – O sargento Wladimir Odylo Giliberti de Matos, 48 anos, foi morto em frente à própria casa, no bairro do Guamá, em Belém, em 06/01.

2º – O cabo Richard Farias de Souza, lotado no Batalhão de Polícia Penitenciária (BPoP), foi morto ao reagir um assalto dentro de uma van, na altura do KM 19 da Rodovia BR-316, em 10/01.

3º – O sargento João Francisco de Oliveira Lameira, 47 anos, foi assassinado em Castanhal, durante uma abordagem policial, no dia 17/01.

4º – O cabo Wagner Santa Rosa, 33 anos, do Comando de Operações Especiais (COE), foi morto durante um treinamento da Polícia Militar, no Instituto de Ensino de Segurança Pública do Estado (Iesp), em Marituba, em 19/01.

5º – O Sargento Eliseu Pojo Rodrigues, 45 anos, do 29o Batalhão de Policiamento Militar, foi assassinado a tiros, no dia 20/01, em Ananindeua.

6º – A cabo Rosalva Maria Corrêa de Holanda, 49 anos, foi assassinada a tiros no quintal da própria casa e ainda por dois vizinhos, no dia 30/01, em Ananindeua.

7º – O cabo Marcelo Costa de Carvalho, 32 anos, foi morto a tiros depois de uma tentativa de assalto, no dia 09/02, em Ananindeua.

8º – O soldado Washington Luiz do Rosário foi morto a tiros depois de uma tentativa de assalto no bairro da Pedreira, em Belém, no dia 10/02.

9º – O sargento PM Antônio Daves Martins, 49 anos, estava em uma loja de autopeças no dia 14/02 quando sujeitos se aproximaram de carro e o alvejaram, em Ananindeua.

10º – O cabo Jeferson Maciel dos Anjos foi morto a tiros no dia 25/02, durante um atentado contra um suspeito de tráfico de drogas no município de Santa Izabel.

11º – O sargento Reginaldo da Silva Souza estava a serviço, fardado, na praça da Matriz, em Marituba, e foi atingido a tiros de surpresa por assassinos que estavam em um carro do modelo Volkswagen Fox prata, no dia 28/02.

12º – O sargento Marinaldo Maia de Souza, 46 anos, foi morto depois de sofrer assalto no bairro do Guamá, em frente da própria casa, em 11/03

13º – O cabo Deyvison César Braga de Oliveira, que foi perseguido e morto a tiros, no cruzamento da Avenida Independência com a Rodovia Mário Covas, em Ananindeua, em 11/03.

14º – O cabo José da Silva Frade foi assassinado após um assalto dentro de um ônibus, no km 4 da BR- 316, em 22/03.

15º – O cabo José Antônio Pinheiro, de 64 anos, da reserva remunerada da Polícia Militar foi esfaqueado em 24/03, quando estava sentado em frente de casa, em Marabá. Suspeito morava na casa da vítima e teria deficiência intelectual.

16º – O policial militar reformado Valdomiro Oliveira Barros, foi executado a tiros em 27/03. Ele foi alvejado por três homens quando estava dentro de um mercadinho no bairro da Condor, em Belém.

Balanço da Segup não contabiliza duas mortes

Em nota, Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) apresentou um balanço diferente de policiais assassinados no Pará, citados pela reportagem do Diário do Pará e DOL.

Segundo a Segup, em 2018, 14 policiais militares (ativos/inativos) foram vítimas de homicídio, latrocínio e lesão corporal. e, que a Polícia Militar do Pará está investindo no seminário de “Comportamento de Autoproteção” que visa e discute os melhores métodos para as medidas preventivas de proteção dos policiais militares que estejam em serviço ou de folga.

Ainda segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 2017, a PMPA recebeu a aquisição de novos equipamentos para uma melhor efetivação das medidas de proteção dos policiais militares que atuam em prol da defesa da sociedade. Entretanto, a Segup não informou o teria motivado tantos assassinatos no Estado.

(DOL)

FONTE: http://www.diarioonline.com.br/noticias/policia/noticia-496953-em-apenas-tres-dias-dois-policiais-foram-assassinados-no-para;-o-16-so-em-2018.html?v=685