Em Belém a taxa foi de 77 assassinatos para cada cem mil habitantes. Seis cidades paraenses têm índices de homicídios bem acima da média nacional, de 30,3 mortes para cem mil habitantes. A pior taxa do Pará foi em Altamira (91,9).

Um estudo sobre os níveis de violência no país revelou que sete cidades paraenses estão com altas taxas de homicídios. Belém foi a capital com maior registro de mortes violentas no Brasil.

Todo dia o serralheiro José Ellington da Silva tem uma lembrança muito dura quando anda pela praça do Marex em Belém. O filho foi assassinado na porta de um bar. “Vieram dois rapazes numa moto. Um desceu já atirando”, conta. David foi assassinado em 2016, ano que serviu de referência para o Atlas da Violência.

Os pesquisadores utilizaram números de homicídios contabilizados pelo Ministério da Saúde. Segundo o estudo, Belém foi a capital com mais mortes violentas, o que inclui, além de homicídios, latrocínios, lesão corporal e mortes em confronto com a polícia.

Na capital paraense a taxa foi de 77 assassinatos para cada cem mil habitantes. Depois de Belém, Aracajú e Natal estão entre as mais violentas.

As taxas no topo da lista são sete vezes maiores que São Paulo, a capital menos violenta. A pesquisa analisou os municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes. Nesse ranking entraram outras seis cidades paraenses com índices de homicídios bem acima da média nacional, de 30,3 mortes para cem mil habitantes.

A pior taxa do Pará foi em Altamira (91,9), que ficou entre as 10 cidades com mais assassinatos do país.

No Pará também tem as cidade s de Marabá (87,7), Ananindeua (84,6), Marituba (84,5), Castanhal (78,4) e Parauapebas (65,7).

A desigualdade social é uma razão para tantas mortes, revelam especialistas. O Atlas mostrou que nas cidades onde há mais homicídios tem mais pobreza, desemprego e carência de serviços essenciais como saúde e educação.

O estudo revelou que as cidades mais violentas têm nove vezes mais pessoas extremamente pobres do que nos municípios menos violentos e o dobro de desempregados entre 18 e 24 anos.

“Os grupos perigosos se prevalecem da fraqueza do Estado nos locais periféricos para recrutar jovens, para se estabelecerem no território e ampliar o seu poder”, explica o especialista em segurança Wando Miranda.

“Basicamente você tem que olhar para as políticas estruturantes do Estado, como exemplo a de saúde, de educação, de esporte e lazer, de emprego e geração de renda. Essas políticas vão dar para o jovem uma oportunidade para o futuro”, avalia.

Desde que perdeu o filho, Ellington não tem resposta sobre quem matou o rapaz. “A gente espera na justiça de Deus, pois essa sim eu creio que não falha”, diz.

A Secretaria de Segurança Pública do Pará informou por meio de nota que discorda dos dados e da metodologia utilizada no Atlas da Violência.