Francisvaldo Mendes, presidente da Fundação Lauro Campos

Restam menos de quinze dias para a primeira votação nessas eleições e ainda que as grandes mudanças não venham desse processo, quanto mais neste em especial – mudanças profundas que envolvem a relação das pessoas com a natureza, o processo histórico da produção e o trabalho para realização da potência humana criativa – podem ser uma semente de possibilidades e isso importa neste momento.

Para os principais setores das oligarquias políticas brasileiras, assim como para os poderosos do império em nível internacional, não é possível, para eles, enxergarem, em um dos dois candidatos que as pesquisas hoje colocam no segundo turno, alternativas. Claro, são por razões absolutamente distintas, mas não é possível. A alternativa colocada é buscar construir um “bote salva vidas” com o discurso para evitar crise; seja uma crise no campo moral, econômico (como o mercado trata o termo priorizando o lucro) ou social. Mas isso não está dado e no tempo que resta para a votação do primeiro turno pode não ser possível ser construído. Assim sendo, a oligarquia política brasileira pode ir para o segundo turno sem opções e, caso isso ocorra, terão que buscar acordos com os dois candidatos e escolher pelo acordo mais apropriado, para seus interesses, frente as condições.

Da nossa parte, que temos uma chapa que acumula, tanto do ponto de vista político quanto programático, uma evidente identidade com o povo trabalhador, com toda sua diversidade, da periferia aos setores médios, o desafio colocado é apostar ao máximo para acumular nesse período. Nem o momento, nem a situação política, muito menos as condições objetivas, nos colocam agora alternativas de “voto útil”. Seria um grande equívoco político tomar esse rumo. Nesse momento é necessário unificar, acumular em formação, eleger uma bancada qualificada e que possa, junto com Boulos e Guajajara, ampliar a adesão do partido junto aos que vivem do seu trabalho e acumular condições para eleger deputados federais e estaduais que apresentem uma pauta contemporânea para enfrentar a exploração e as várias formas de discriminação social.

Neste momento, o desafio do PSOL, e da acertada aliança que construímos, é investir na unidade e apostar em pautas que sejam propositivas em favor do povo trabalhador. A mídia ter reforçado o palco para o candidato que representa as principais pautas autoritárias, que marcam a formação social brasileira, que podem ser chamadas de fascistas ou até nazistas, não nos fortalece e não se pode investir em estrada similar. Apenas desfoca o elemento central da construção de um País que defenda a vida e os direitos como prioridade. Foi na esteira do golpe e da ação politica da mídia que unificou MDB, PSDB, DEM (e as várias siglas de aluguel que seguem seus dirigentes) que foi criada uma terra fértil para uma narrativa autoritária, machista, racista, que aposta no ódio e na estética da guerra e a fez ganhar tanta força, aparecendo com ênfase neste processo eleitoral. A politica de seguir essa estética de acusações, como se estivesse em uma batalha campal, é um grande equívoco. O caminho é o da formação e da demonstração de que lado está o PSOL: da grande maioria do povo, os que vivem da venda de sua força de trabalho.

A principal identidade do povo brasileiro é com o trabalho e construir uma campanha focada nos direitos, no controle da natureza, na qualidade de vida, com mais postos de trabalho, maiores salários e dignidade, para homens e mulheres, negros e negras. Ou seja, para todo o povo que depende da venda de sua força de trabalho para sustentar suas vidas e as de suas famílias é nosso caminho. Vamos, portanto, intensificar nossa chapa presidencial. Apostar em ações que anime a militância, aproxime nossa chapa que disputa o planalto a todos que disputam os governos e as vagas nos parlamentos, principalmente as figuras de grande expressão nas Unidades Federativas. Vamos fortalecer o PSOL falando para a maioria do povo, com uma pauta que enfrente e demonstre que é possível, com mobilização, formação e ação qualificada, ter uma Brasil que supere as desigualdades e avance em defesa da vida.

FONTE: https://www.laurocampos.org.br/2018/09/24/7392/