Fundador do Opera Mundi avalia que a ausência do candidato do PSL dos debates pode ter mudado a dinâmica da campanha
As grandes questões nacionais foram os temas centrais das campanhas nos processos eleitorais desde 1989. No entanto, esta tendência foi interrompida nas eleições deste ano.
O tempo mais curto de campanha, a falta de aprofundamento das propostas e do conteúdo dos programas de governo e a ausência do candidato Jair Bolsonaro nos debates mudaram a dinâmica da campanha. E isso confundiu o eleitorado.
A opinião é do jornalista Breno Altman, fundador e diretor editorial do Ópera Mundi, que foi entrevistado pela Rádio Brasil de Fato e analisou como o bolsonarismo, com o seu caráter neofascista, se comportou na campanha.
De acordo com o jornalista, o candidato do PSL se aproveitou de um sentimento de desilusão dos eleitores com o sistema político para assumir uma falsa postura de antissistema e anticorrupção.
A manobra de insistir na tecla da anticorrupção e do anti-PT também serviu para desviar a atenção para o programa bolsonarista e suas propostas antipopulares. Por outro lado, este pode ser o ponto forte a ser explorado contra o Bolsonaro na disputa do segundo turno.
“Fernando Haddad precisa forçar o debate para retirar dele essa construção de que ele é o antissistema. Ele é o candidato mais duro do “supersistema”. É preciso ir para o centro da discussão, e o centro da discussão é a agenda econômica e social”, aponta Altman.
Para o jornalista, a luta contra corrupção foi uma espécie de estopim criado para mobilizar a população, principalmente a partir de 2013, com apoio da mídia, com o objetivo de formar um sentimento antipetista. N
Nesse sentido, “o ódio ao PT foi uma operação de laboratório”, que eclodiu com o golpe de 2016, orquestrado pela mídias e a burguesia contra o modelo de governo progressista da Dilma Rousseff. O subproduto desta estratégia, que o bloco centro direita imaginava ter sob controle, foi o surgimento da ultra direita que estava fora do seu raio de hegemonia.
“As oligarquias acreditavam que poderiam controlar o Bolsonaro, mas não o PT. Quem desatou a radicalização a luta de classes no Brasil foi a burguesia, e agora eles não sabem o que fazer com esse monstro que está aí”, disse Breno Altman.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira