Os países que lideram a economia mundial se reúnem nesta sexta-feira e no sábado (30 e 1°), em Buenos Aires, para debater temas como desenvolvimento, meio ambiente e a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Por Iberê Lopes*

A participação do Brasil nos debates com os chefes de Estado das 19 nações mais ricas do planeta – com a presença de economias emergentes como Espanha, o Chile e a Holanda -, deve ser marcada pela recente desistência em sediar a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-25).

Outra discussão em tela será sobre as políticas protecionistas dos Estados Unidos no mercado do aço e alumínio que impactam no setor produtivo brasileiro. Usados na construção, fabricação de veículos e aviões, linhas de alta tensão e embalagens alimentares, a sobretaxa americana na importação de ambos atinge também a China.

Atualmente o maior produtor mundial de aço e alumínio é a China. O primeiro com mais de 831 milhões de toneladas e o segundo 63 milhões produzidos pelos chineses em 2017. Os Estados Unidos são os maiores importadores, seguidos por Alemanha e China (Dados das Nações Unidas de 2016).

Na queda de braço comercial entre China e Estados Unidos, a subserviência demonstrada pelo futuro presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à Donald Trump, nesta semana, pode significar menos força para negociar com as duas principais potências mundiais em 2019. Ao receber o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, Bolsonaro prestou continência numa demonstração de afronta a soberania brasileira no trato com o governo norte-americano.

Em março deste ano, o presidente dos Estados Unidos, anunciou que taxaria em 25% as importações de aço e em 10% as de alumínio. O protecionismo teve leve recuo no segundo semestre ao impor o percentual sobre o aço apenas para empresários norte-americanos que não comprovem falta de matéria-prima no mercado interno.

Mesmo com esta sinalização, as medidas do governo Trump ainda podem impactar negativamente nas trocas entre os dois países caso o Brasil opte pela venda de produtos com valor agregado no lugar das commodities. As exportações de aço do Brasil para o mercado norte-americano somaram US$ 548,6 milhões em junho deste ano. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

A postura de Jair Bolsonaro foi observada com preocupação pelo economista, pesquisador e professor da Unicamp, Márcio Pochmann. Isto porque a guerra comercial aberta por Trump apresenta as primeiras baixas na economia dos EUA: “falência de agricultores devido à queda na exportação para a China e fechamento de indústrias por custos maiores diante da sobretaxa às importações. Sinal de alerta para aliados de Trump no Brasil”, alerta Pochmann.

Michel Temer apresenta o desmonte trabalhista ao G20

A representação brasileira no G20 será do atual presidente Michel Temer, que leva o país como coadjuvante no cenário mundial desde que golpeou a democracia em 2016. O golpe contra Dilma Rousseff, que conduziu o emedebista ao Palácio do Planalto é seguidamente denunciado por lideranças políticas e intelectuais em virtude de seu processo inconstitucional e desrespeito a acordos internacionais.

Ao chegar em Buenos Aires, Michel Temer disse que destacará na cúpula o desmonte trabalhista promovido por seu governo. Um dos temas desta edição do G20 é o “futuro do trabalho”. “Falarei exatamente sobre isso porque a experiência brasileira foi muito exitosa. Só este ano já chegamos a 800 mil carteiras assinadas e ultrapassamos 1,5 milhão de postos de trabalho”, afirmou Temer.

A reforma trabalhista foi responsável pela desconstrução de direitos conquistados pelos trabalhadores brasileiros. Instrumentalizado pela Lei 13.467 de 2017, o texto alterou mais de 100 dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). E segundo o governo, a medida deveria gerar mais empregos e ajudaria o país a sair da atual crise econômica.

Na verdade, em um ano a mudança da CLT provocou redução da renda e do emprego, precarização e desregulação do trabalho e fragilizou sindicatos. E gerou só 37% dos empregos prometidos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados é atualmente de 12,4 milhões de pessoas.

O ataque aos trabalhadores no governo Temer descumpriu, igualmente, tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Com a alteração, o país voltou para a lista suja da Organização Internacional do Trabalho (OIT) por promover graves violações dos direitos trabalhistas.

O presidente da República participará de uma reunião informal do Brics nesta sexta-feira. Ele anunciou que o Banco de Desenvolvimento do grupo deve ser instalado em São Paulo e ter filial em Brasília.

*Edição Inácio Carvalho

FONTE: http://www.vermelho.org.br/noticia/317272-1