Svein Richard Brandtzæg pediu desculpas pela ação e disse que tal conduta não faz parte dos procedimentos da empresa.
A refinaria norueguesa Hydro admitiu que descartou água não tratada no rio Pará, em comunicado publicado nesta segunda-feira (19) no site da multinacional.
“Nós descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no rio Pará”, afirmou o presidente e CEO da Hydro, Svein Richard Brandtzæg.
O comunicado foi emitido após notificação da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), que identificou um terceiro ponto de despejo irregular na última quinta-feira (15).
“Em nome da companhia, pessoalmente peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade”, disse Brandtzæg, no comunicado.
Segundo Brandtzæg, tal conduta não faz parte dos procedimentos da empresa. “Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita”, escreveu. “Em nome da companhia, pessoalmente peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade”, completou Brandtzæg no comunicado.
A empresa informou ainda que vai realizar uma revisão completa de todas as licenças da operação no município de Barcarena e começar uma auditoria interna.
O município enfrenta uma contaminação de alcance ainda não determinado, provocado por rejeitos vindos da refinaria da Hydro. Um laudo do Instituto Evandro Chagas constatou a presença de diversos metais pesados, inclusive de chumbo, em comunidades ribeirinhas.
A Hydro informou que as conclusões da revisão interna e da primeira fase da consultoria independente serão apresentadas no dia 9 de abril, juntamente com as medidas que serão tomadas para sanar os problemas causados pelos vazamentos.
Três canais irregulares
A notificação da Semas à que se referiu a Hydro diz respeito a uma conexão sem autorização de licença entre a refinaria e um canal de drenagem, que levava água de chuva não tratada do telhado do galpão de carvão para o rio Pará. Esse foi o terceiro duto irregular encontrado em vistorias na Hydro em vistorias.
As descobertas de irregularidades começaram no dia 17 de fevereiro, quando fotos registraram vazamento de rejeitos da bacia de depósitos da mineradora. Nos dias seguintes, órgãos dos governos estadual e municipal, além do Instituto Evandro Chagas, estiveram no local para dar início às vistorias.
Inicialmente, a Hydro Alunorte se manifestou negando qualquer incidente, garantindo que a bacia se mantivera firme, intacta e sem vazamentos, mesmo com as fortes chuvas no município.
No dia 22 de fevereiro, o Instituto Evandro Chagas divulgou um laudo contrariando a empresa e confirmando a contaminação em diversas áreas de Barcarena, provocada por uma ligação clandestina para eliminar efluentes contaminados da empresa norueguesa.
No final de fevereiro, o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) já havia determinado que a Hydro reduzisse sua produção em Barcarena em 50% e embargou uma bacia de rejeitos da empresa. A refinaria acatou o recurso.
No dia 9 de março, o segundo canal de despejo não autorizado foi descoberto pelo Ministério Público do Pará (MPPA), após uma vistoria realizada nas dependências da Hydro Alunorte. Segundo o MPPA, o canal seria utilizado em situações de grandes chuvas para despejar efluentes sem tratamento diretamente no rio Pará.